Caros Amigos

Leia trecho da entrevista do delegado Protógenes Queiroz na mais recente dição da revista "Caros Amigos":

MYLTON SEVERIANO - Fim da ditadura.

PROTÓGENES - E transição para o regime civil. José Sarney pega o país em frangalhos, devendo até a alma, sem dinheiro para financiar as contas públicas, muito menos honrar compromissos, a famige rada dívida com o FMI. Havia até o "decrete-se a moratória". Era o papo nosso, da esquerda, dos estudantes, "não vamos pagar, já levaram tudo". E o Sarney, o que faz? Bota a mão na ma nivela e nossos títulos da dívida externa valiam, no mercado internacional, no máximo 20% do valor de face, era negociado na bolsa de Nova York. No paralelo valiam 1%. O que significa? Não passa pela bolsa. Comprei, quero me livrar, então 1% do valor de face, título de um país "à beira de uma convulsão social, ninguém sabe o que vai acontecer com aquele país, um conjunto de raças da pior espécie": essa, a visão primeiro mundista, o que representávamos para os ban queiros. Escória. E aqui estávamos, discutindo a reconstrução do país. Vamos dialogar, botar os partidos para funcionar, eleições, e o Sar ney tendo que dar uma solução. Fecha a mani vela e toca a jogar título no mercado de Nova York. Cada título que valia 10%, 15%, mandava dinheiro aqui para dentro. Seis anos depois, o mercado financeiro internacional detectou que no Brasil haveria desordem, até guerra civil, e eles não iam receber o que tinham colocado aqui com a compra dos papéis podres, queriam receber mesmo os 15%. E fazem uma regrinha de três e colocam para o Banco Central: "Você vai instituir uma norma, os títulos da dívida ex terna brasileira adquiridos no mercado finan ceiro internacional, no nacional poderão ser convertidos junto ao Banco Central pelo valor de face desde que esse dinheiro seja investido em empresas brasileiras." Bacana, não? Se fun cionasse como ficou estabelecido, nosso país se ria uma potência, não? Ainda que uma norma perfeita, acho um critério não normal, não é? Não é moralmente ético eu comprar um título por 15% e ter um lucro de 100%, em tão pou co tempo. Mas enquanto regra de mercado fi nanceiro tenho de admitir que sou devedor. Se vendi a 15%, na bolsa, assumi o risco de, no fu turo, o lucro ser maior para o credor. Tenho que pagar. Foi assim que foi feito? Não. Será que o grupo Votorantim recebeu algum dinhei ro convertido? Alguma outra empresa nacional do porte recebeu? Não. O que o sistema mon tou? Uma grande operação em determi nado período para sangrar as reservas do país, e ainda tinha as cartas de inten ção, que diziam "se você não me pagar posso explorar o subsolo de 50 mil qui lômetros da Amazônia".

WAGNER NABUCO - Era a fiança?

PROTÓGENES - Sim. Então me deparo com um ban co, o Paribas, hoje BNP-Paribas que se uniu ao National de Paris. Com três diretores, em São Paulo, e dois outros, mais um contador que foi assassinado e um laranja que se chamava Alberto. O banco adquire esses títulos, no va lor de 20 milhões de dólares, não é? E converte no Banco Central e aplica em empresas brasileiras, empresas-laran ja. Comprou no paralelo a 1 %, eram 200 mil dólares, e converteu a 20 mi lhões de dólares aqui no Brasil e colo cou nessa empresa-laranja...

MYLTON SEVERIANO Empresa de quê?

PROTÓGENES - De participações. Chamava-se Al berto Participações, com capital so­cial de 10 mil reais. Já tem coisa erra da. Como uma empresa com capital de 10 mil reais pode receber um investi mento estrangeiro da ordem de 20 mi lhões? Cadê o patrimônio da empresa? Como é que o Banco Central aprova? Mando pegar o processo. Ela investiu, vamos ver aon de o dinheiro vai. Converteu os 20 milhões e ao longo de doze meses o dinheiro é sacado mensalmente na boca do caixa em uma conta e convertido no dólar paralelo e enviado para a matriz em Paris. Eu digo "Banco Central, me dá o processo do Paribas". Aí não consi go, quem consegue é o procurador que tra­balhava comigo, Luiz Francisco. Consegue e remete pra mim em São Paulo. Vejo que no Banco Central houve uma briga interna pela conversão. Os técnicos se indignaram, e inde feriram. Aí houve uma gestão forte para que houvesse a conversão. De quem? Do ministro da fazenda. Que era quem?

MYLTON SEVERIANO - Fernando.

MARCOS ZIBORDI - Henrique.

MYLTON SEVERIANO - Cardoso.

PROTÓGENES - Tento localizar os banqueiros. Todos fugi ram. Os franceses todos. O contador, assassina do. O laranja Alberto morreu de morte natural, enquanto nós estudantes lutávamos, dizíamos que a dívida externa não existia, e, de fato, par te dela era artificial. A coisa é grave, vamos fa zer uma continha, nós contribuintes, que cre mos que existe uma ordem no país. Títulos que adquiri por 200 mil, converti no Brasil os 20 milhões de dólares, quanto tive de lucro? 19 milhões e 800 mil. Vamos fazer essa continha para vocês dormirem direito hoje. Esses 19 mi lhões mandei para minha matriz, o papel está na minha mão ainda, porque dizia o seguinte a norma do Banco Central: ao converter esse tí tulo, invista em empresa brasileira, e ao final de doze anos "Brasil, mostre a sua cara e me pague aqui, você me deve, pois sou credor des sa nota promissória chamada título da dívida externa brasileira". Está na lei. Bota aí. Soma 20 milhões com 19 milhões e 800 mil: 39 mi lhões e 800 mil. Nós devemos isso aí? E mais, o que pedi? Que o juiz bloqueasse o título do Paribas, não pagasse, indiciei os diretores. Por quê? Porque estava se aproximando o final dos doze anos, o título estava vencendo e tínhamos que pagar. Pedi que o Banco Central enviasse cópia de todos os processos de conversão da dí vida externa brasileira pra mim. Estou esperan do até hoje. Sabe o que o Banco Central falou? "O departamento não existe, nunca existiu, era feito por uma seção aleatoriamente lá no Banco Central." Então nós não devemos esse montan te de milhões que cobram.

RENATO POMPEU - Só não entendi o que o Fernando Henrique Cardoso ganhou com isso.

PROTÓGENES - Calma, calma. Sobrou uma para contar a his tória. A Célia da Avenida São Luís. A mulher de verdade. Era companheira do Alberto, ex-embai xador do Brasil no Líbano. Quando estourou a guerra ele fugiu e viveu na França, estudando na Sorbonne. Quem ele conhece lá?

MYLTON SEVERIANO - Fernandinho.

PROTÓGENES - Colegas de faculdade. A Célia, marquei de poimento numa quinta, véspera de feriado, às seis da tarde na superintendência da Polícia Federal. Uma morena bonita, quase 60 anos, me disse que tinha sido miss, modelo, era só cia nessa empresa, tinha tipo 1 %. Furiosa, "que absurdo, véspera de feriado, perder meus negó cios, engarrafamento". Já estava gritando no corredor. Dei um molho de uns trinta minutos até ela se acalmar. Pensei "essa mulher está fu riosa e tem culpa no cartório". Falei "obriga do por ter vindo", e ela "obrigado nada, o se nhor é indelicado, desumano, sou dona de uma indústria de sorvetes, e me chama numa hora importante porque tenho que distribuir sorve te, é feriado, o senhor não tem coração". No meio da esculhambação, digo "tenho que cum prir meu dever, sou funcionário público", e ela "aposto que é o caso daquele Paribas, não sei por que ficam me chamando, e tem mais, fui companheira do Alberto, e ele foi muito mais brasileiro que muita gente. Era digno, hones to, ficam manchando a alma dele. Eu ajudei ele até o fim da vida, inclusive sustentei parte da família dele". Percebi que não sabia a verdade, ela disse "ele morreu pobre, ficou esperando a conversão dessa dívida que nunca houve". De talhe: na quebra de sigilo bancário encontrei um cheque do Alberto que ele recebeu, 64 mi lhões, na boca do caixa do banco Safra. E ele transfere as cotas para uma empresa criada pelo Paribas em nome dos diretores.

MYLTON SEVERIANO - No Brasil?

PROTÓGENES - Já é um Paribas do Brasil. Transfere para a subsidiária, e os diretores começam a sa car. O primeiro quem recebe é ele, valor equi valente a 5%. E ela disse "ele não recebeu a comissão dele que era de 5%". Bateu! Tran quei o gabinete, falei "vou mostrar um do cumento, mas se disser que mostrei, pren do a senhora", era a cópia do cheque, com assinatura e data. A mulher começou a cho rar. "Desgraçado. Que o inferno o acolha!" Ela disse "tenho muito documento na minha casa". Se fizesse pedido de busca e apreensão chamaria atenção da Justiça, teria um inde ferimento. Essa investigação estava sendo arrastada. Fiz uma busca e apreensão ao in verso, "a senhora permite que selecione o que quero?", ela disse "perfeito". Naquela véspera de feriado, peguei dois agentes, con trariando colegas que queriam ir embora...

MYLTON SEVERIANO - Qual o ano?

PROTÓGENES - 2002. Saímos de lá de madrugada, era um apartamento antigo, magnífico. Ela cho rando, "desgraçado, até comida na boca eu dei". Ela me dá uma agenda, "aqui parecia o Banco Central, eu atendia o doutor Alberto, da área internacional". Encontrei documen tos, agendas que vinculavam ele ao Armínio Fraga, ao Fernando Henrique, inclusive uma carta manuscrita, não vou falar de quem, de pois confirmada, ela falou "levei esse presen te, pessoalmente, até a casa do Fernando". Mandei documentos para perícia. Na época era eleição do Fernando Henrique.

RENATO POMPEU - Não, do Lula.

PROTÓGENES - Isso. Lula venceu contra Serra. Fernando Henrique era presidente.

RENATO POMPEU - Ele recebeu dinheiro então?

PROTÓGENES - Vamos pegar a linha do tempo. Ele sai de ministro da Fazenda e vira presidente. O ge rente da área internacional que dá o parecer no processo, quem era? Armínio Fraga. Que presidiu o Banco Central. Essa investigação não sei que fim deu. Pedi ao Banco Central o bloqueio de todos os títulos da dívida externa brasileira que foram convertidos. E pedi cópia de todos os processos de conversão junto ao Banco Central para investigação.

RENATO POMPEU - Saiu na mídia?

PROTÓGENES - Em parte, mas foi abafado. Quem conseguiu publicar foi, se não me engano, a Época.

PALMÉRIO DÓRIA - Citando Fernando Henrique?

PROTÓGENES - Não, não citou. A reportagem era "Fraude à francesa". Essa investigação surge da denúncia de um advogado, Marcos Davi de Figueiredo. Ele sofre uma pressão implacável dentro do ban co. A Célia passa a ser ameaçada, logo que pres ta depoimento entregando tudo. Inclusive os es critórios que deram suporte a essa operação, um do Pinheiro Neto, e ela diz que sofria ameaça do próprio Pinheiro Neto. O procurador foi o dou tor Kleber Uemura.

MARCOS ZIBOROI - É a última notícia?

PROTÓGENES - Sim. Parece que ele tinha conseguido a que bra de sigilo bancário. Depois o dinheiro saiu no mercado paralelo e entraram grandes empresas com esquemas de saída de dinheiro. Tinha a Co tia Trading, que tinha uma coisa com a Volkswa gen. Entra gente muito poderosa no esquema. Pedi a quebra de sigilo de todas as pessoas que participaram da fraude. E o Kleber conseguiu, aí não acompanhei mais. O Tribunal Federal deu a decisão de que era para não ter quebra de sigilo, era a juíza, salvo engano, Sylvia Steiner. Dá de cisão favorável ao banco. Meses depois é nomea da juíza do Tribunal Penal Internacional pelo...

RENATO POMPEU - ... excelentíssimo presidente da República.

5 comentários:

  1. Mas como sempre os tucademos e piguistas de plantão dirão: Foi tudo legal! Para eles roubar é legal.

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  2. E aí Laguardia, qual é o governo mais corrupto desse país? Por muito menos que isso o Collor caiu. Viúvas do FHC como voce é que dão nauseas, com esse discurso de meias verdades pregando o combate a corrupção, provavelmente voce deve estar recebendo uma graninha do DvD para postar nos Blogs!!! Só assim para ter tanto tempo para ficar postando respostas.
    De qualquer forma, provavelmente o PIG e nem voce vão ficar repercutindo fatos aterradores como este.
    Que esses Demotucanos ardam no mármore do inferno por terem vilipendiado o nosso país. Bando de entreguistas.
    Até,
    UMA PESSOA QUE AMA O BRASIL.

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  3. Anônimo

    Você não ama o Brasil. Amo o Cappo Dei Tutti Cappi - Luiz Inácio Lula da Silva, o rei da Máfia.

    Continua a pergunta: Por que o Ministério da Justiça, de Tarso Genro não abre processo contra FHC?

    Por que Tarso Genro afastou Protógenas do caso Daniel Dantas?

    Por que Tarso Genro transferiu Protogenas para um cargo onde ele não pode incomodar o governo?

    Será por incompetência? Será por Conivência? Será que não acredita que isto tenha ocorrido?

    Se eu receber alguma graninha do Daniel Dantas será depositada na hora na conta do Briguilino.

    Daniel Dantas, o sócio de Lulinha na fazenda Santa Bárbara, Daniel Dantas que conseguiu que Lulão mudasse a lei para ganhar 1 bilhão de reais, deveria estar na cadeia junto com Lulão, FHC, e toda a turma de corruptos.

    Você nem ninguém nunca me viu defender aqui FHC ou qualquer crime praticado por esta qudrilha da esquerda. Lulão e FHC são farinha co mesmo saco e deveriam estar na mesma jaula.

    Entreguista é Lula - Entregou duas refinarias do povo para a Bolivia, entregou dinheiro do BNDS para o Equador e agora vai entregar Itaipu para o Paraguai.

    Lula e a esquerda do Anônimo colocam os interesses particulares e ideológicos a frente dos interesses nacionais.

    Mas não tem importância, mais cedo do que se espera o Bem vencerá o mal e ficaremos livres deste cancer vermelho que tomou o Palácio do Planalto de Assalto.

    Mafiosos interesseiros, elite do poder.

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  4. Laguardia,

    Realmente voce atraves deste comentario, comprovou o que eu ja imaginava. Voce nada mais eh do que um filhote da ditadura...

    O bem ja esta vencendo o mal que voce e sua corja impringiram ao Brasil durante 500 anos.

    Viva LULA!!!!!!

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  5. Realmente é o que eu pensava. Lula deve ser um dinasouro para estar por aí a 500 anos.

    Sou mais velho do que a ditadura, portanto não posso ser filhote dela.

    Agora pior é ser filhote da corrupção, da roubalheira, da desonestidade, da falta de ética. Você anônimo, é filhote de mal que assola o Brasil.

    Em breve ficaremos livres de pensamentos como os seus.

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