O teto salarial, a OAB e a hipocrisia da mídia

Tem que ser bem compreendida e merece apoio a decisão do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, de ingressar, no Supremo Tribunal Federal (STF), com ação contra a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que deu a funcionários da área em todo o país o direito de ganhar salários superiores ao teto do serviço público ( R$24,5 mil hoje).

O que o CNJ reconheceu - decisão publicada no diário oficial no último dia 2 - é que funcionários que trabalham na justiça e exercem outra atividade pública permitida pela Constituição (professores, profissionais da área médica) podem ganhar mais que o teto se a soma dos dois salários resultar em valor superior a este.

- No caso de acumulação lícita de cargos, seja por magistrado ou por servidor do Judiciário, a pessoa não está sujeita à incidência do teto remuneratório - esclarece o juiz Álvaro Ciarlini, em entrevista publicada em O Globo hoje.

Os dois pesos e duas medidas de sempre

Mas o que me chama mesmo a atenção na notícia - além do ato de justiça reconhecido pela OAB, de que quem trabalha tem de receber pelas várias funções que desempenha - é a hipocrisia da mídia.

Ela grita quando os parlamentares querem atualizar seus vencimentos (hoje na casa dos R$ 12 mil mensais) e silencia quando se trata de salários de juízes, promotores, do judiciário em geral.

Quando a questão de reajuste da remuneração diz respeito a deputados e senadores, é um escarcéu. A mídia mantém o assunto meses na berlinda, mil editoriais contra, desgasta e achincalha a imagem do Legislativo como não faz com nenhum outro poder.

Já quando se trata do judiciário, silêncio. Só O globo deu a notícia do recurso da OAB hoje. E com discrição. Não tivesse a mídia "rabo preso", respondendo a centenas de processos na justiça, né?

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