Numa manhã de Casa cheia, Sarney precisava de 41 votos. Obteve 49. Com Contra 32 dados ao seu adversário. Vai ao comando do Senado pela terceira vez.
O êxito de Sarney sacramenta a ressurreição política de Renan Calheiros (PMDB-AL), patrono da candidatura dele.
Ao término de uma gestão em que teve de renunciar ao comando do Senado para salvar o próprio mandato, Renan volta ao centro do palco.
Estava ao lado de Sarney, há pouco, no beija-mão que se seguiu à proclamação do resultado. Difícil saber qual dos dois se sente mais vitorioso.
Sarney não obteve a unanimidade que gostaria. Tampouco ultrapassou a fronteira dos 50 votos, como previra sua equipe.
Mas os 49 votos que o morubuxaba do PMDB arrancou do plenário seriam suficientes para aprovar uma emenda à Constituição.
É, no jargão parlamentar, quorum qualificado. O rival Tião Viana obteve 11 votos a menos do que os 43 que dizia ter na véspera.
Tião desce à crônica da disputa como vítima de traição. Traíram-no alguns colegas. Traiu-o também o otimismo de candidato.
Graças ao apoio da maioria do PSDB, o candidato do PT livrou-se do vexame. A última disputa que eletrizara o Senado dera-se entre Renan Calheiros e José Agripino Maia.
Agripino, o derrotado de então, amealhara 28 votos. Tião, o vencido de agora, colecionou quatro a mais: 32.
Ironicamente, além da dívida política que contraiu com Renan, Sarney deve o seu triunfo ao apoio de Agripino Maia, que arrastou consigo a bancada do DEM.
Todos os olhares se voltam agora para a Câmara. Ali, a menos que ocorra uma torrente de traições, deve ser eleito Michel Temer (PMDB-SP).
Algo que, se for confirmado, imporá a Lula o convívio com um Legislativo submetido à hegemonia do PMDB.
Josias de Souza
Nenhum comentário:
Postar um comentário