Sem ter o que fazer

Para alguns, como disse, Deus é desocupado. A fim de quebrar a monotonia do Céu, onde não tem o que fazer, mata o tempo seguindo cada um dos seis bilhões de humanos. Pessoa a pessoa. Com balança à mão para aferir o peso de seus pecados e aliviá-los com suas eventuais virtudes.

Creio até que já aderiu ao Bill Gates e, para controlar tanta gente, aderiu ao uso do computador. É com seu micro que segue nossos passos, a todo instante, acompanha milimetricamente nossos passos. A todo instante, está a aplicar penas e prodigalizar benefícios, para pecadores e não pecadores. É a Justiça, funcionando 24 horas por dia, por toda a eternidade.

Pelo visto, Deus passa a vida a olhar o que o Lustosa faz aqui na terra. Se ele se empanzina de mungunzá, Deus o castiga fazendo seu partido político perder numa disputa. Se bebe além da conta, sofre outra penalidade. Se peca contra a castidade, oba! Mas aí naquele tempo era pecado que se expiava no inferno. Na atualidade, sem catuaba nem Viagra, o pecador deve ser saudado e homenageado por sua façanha. E não pecado.

Se Deus tem tempo para acompanhar a monótona vidinha do Lustosa, tão pacata seguindo a dos outros seis bilhões, ocupa as 24 horas de seu dia. É dar muita importância ao gênero humano, seguir seus passos, medir seus erros, aferir suas virtudes e está a castigar uns e premiar outros. Só se não tiver mesmo o que fazer.

Lustosa da Costa