1. O uso da expressão "prévias", repercutido pela imprensa no caso da escolha do candidato do PSDB a presidente, é no mínimo inadequado. Na melhor hipótese, se houver, será uma convenção partidária antecipada, mais ou menos restrita. Nem cheiro de prévias ou primárias terá.
2. Prévias ou primárias são eleições com base de votantes definida e ampliada sobre as convenções dos diretórios, em que os pré-candidatos apresentam suas ideias e programas, debatem em público e os divulgam amplamente, mesmo que o público alvo primário seja limitado.
3. Nos EUA, as primárias vão aos meios de comunicação com os pré-candidatos, que inclusive usam os instrumentos de publicidade de uma campanha normal. Os debates são públicos, inclusive em TVs e Rádios, universidades e associações... Os Estados definem o escopo delas autonomamente. Em alguns, todos podem votar, sendo inscritos ou não em partidos, mas em apenas uma convenção. Com isso, as primárias abrem o processo eleitoral e já dão a conhecer os candidatos e suas ideias.
4. Essa prática vem se generalizando. Por lei, a escolha dos candidatos a presidente no México, Uruguai e Chile é feita em primárias, com direito a voto de todos os militantes inscritos num partido. Às vezes até, no caso de coligação, com candidatos de dois partidos. Assim foi, por exemplo, na Argentina entre De La Rua e Gabriela, como no Chile, quando Lagos saiu candidato. Claro que quando há um só candidato se prescinde de prévias ou primárias.
5. Na cidade do México, em 1997, quando o PRD se decidiu por prévias, o debate ganhou tanta expressão que Cárdenas, vitorioso nas prévias, tendo aberto o processo bem atrás, terminou vitorioso. Para 2010, no Uruguai, o popular presidente Tabaré Vazquez não conseguiu emplacar seu candidato na Frente Ampla e perdeu para a oposição em seu partido. Da mesma forma, antes, no caso do México em que Calderón, do PAN, venceu o candidato do presidente Fox em primárias.
6. Em todos os casos, o debate deu visibilidade aos nomes, apresentou suas ideias e programas e permitiu fortalecer o vitorioso junto à opinião pública e ajustar sua publicidade e suas propostas, se fosse o caso.
7. Nesse sentido, o que se propõe fazer o PSDB, não é nem de longe, nem cheiro tem, de prévias. Mesmo sendo uma convenção, restrita e antecipada, não permite que os eleitores decidam por propostas, mas por pessoas, num sistema que reforça o personalismo e não a política.
Cesar Maia
Excelente análise! Vamos parar de seguir o PiG (Partido da imprensa Golpista) em tudo o que ele nos impinge. A expressão "prévias" realmente não tem nada a ver com essa escolha restrita que ocorrerá.
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