O PSB resolveu conversar mais com Ciro


O PSB planejava enterrar de vez a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência na última segunda-feira, mas resolveu adiar o anúncio após conversa de dirigentes com o próprio deputado, em Brasília. Na semana passada, Ciro já havia dado o recado. Disse que só seu partido ou sua mãe poderiam impedi-lo de ser candidato e nem mesmo um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o convenceria a optar pela corrida ao governo de São Paulo em uma chapa formada com o PT.
O presidente do partido, o governador Eduardo Campos (PE) , e lideranças do PSB se prepararam para comunicar ao deputado que seu nome estava fora do jogo presidencial. Concluíram que o partido está isolado para a disputa, já que o PT conta com apoios de outros partidos como PCdoB e PDT. Após lançamento do PAC 2, dirigentes jantaram com Ciro, mas o deputado apresentou argumentos baseados em pesquisas de intenção de voto que fizeram o partido recuar. 
Com base nas últimas sondagens, Ciro disse ao partido que os seus 10% não só levam a disputa entre os presidenciáveis Dilma Rousseff e José Serra para o segundo turno, como é ele a segunda opção de voto dos eleitores dos dois principais candidatos. O deputado argumentou que se sair, ajuda Serra porque, na maioria dos casos, é o preferido dos eleitores do tucano. 
O partido disse a Ciro que não tem verba para bancar uma candidatura presidencial, que exigiria uma estrutura com alugueis de imóveis, jatinhos para viagens e campanha publicitária, mas o deputado disse que o partido pode faturar muito com o lançamento de uma candidatura nacional com uma chapa encabeçada com ele. Até animou o presidente do partido quando lembrou que sondagens internas do PSB mostram um potencial de crescimento de quase 20 milhões de votos. Diante dos argumentos, o PSB decidiu se reunir nesta semana para redefinir o momento mais apropriado para falar com o Ciro. 
Com a saia-justa, quer que o PT ajude a dar uma desculpa para convencer o deputado a se retirar da disputa em troca do apoio a Dilma logo no primeiro turno. O partido sugere que a legenda do presidente Lula negocie uma chapa ou apoio nos Estados para candidatos do partido de Eduardo Campos em troca da desistência de Ciro. Como exige uma “saída honrosa” da disputa, o deputado considera uma boa justificativa este “gesto maior pelo partido”. E por isso o PSB quer contar com o PT. 
Quer, por exemplo, apoio para a candidatura de Paulo Skaf ao governo de São Paulo. O PT chegou a defender o nome de Ciro como candidato único da base no Estado, mas o deputado recusou o convite e a base aliada do governo deverá ter dois candidatos em São Paulo. Além de Skaf, o senador Aloizio Mercadante, do PT, deverá entrar na disputa. Agora, o PSB quer que Dilma suba nos dois palanques.
Para Ciro, o PSB deveria lançar candidatura própria onde houvesse viabilidade e ocupar o "vácuo" deixado pelo PT. Ciro já disse que o PT em São Paulo é um “desastre” e não tem candidato forte.  A candidatura de Ciro em São Paulo nasceu de conversas com o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem é creditada a ideia de querer transformar a disputa eleitoral deste ano em um plebiscito entre PSDB e PT. 
Outras negociações entre os partidos envolve os caso do deputado federal Rodrigo Rollemberg. Rollemberg quer disputar o Senado Federal na chapa do PT no Distrito Federal, que lançou Agnelo Queiroz para o governo. Acontece que são duas vagas para três nomes. Além de Rollemberg, estão de olho nas vagas o senador Cristovam Buarque (PDT) e o deputado Geraldo Magela ( PT).

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