A perfídia ianque

Judas ianque. Hillary Clinton já pensando como apunhalar Lula pelas costas?

Tão logo o Brasil, Turquia e Irã anunciaram ao mundo o acordo para superar o conflito envolvendo a política de energia atômica iraniana, os EUA tomaram a iniciativa de desconstituir ou pelo menos diminuir a importância daquela pactuação. Para tanto, o Império propôs ao Conselho de Segurança da ONU nova rodada de sanções contra Teerã, além de afirmar que o Irã teria manipulado os “ingênuos” Brasil e Turquia com o objetivo de ganhar tempo.

A grande mídia empresarial, golpista como sempre, foi ao delírio. O Tio Sam, afinal, estava desmoralizado Lula, minando sua liderança mundial e, indiretamente, desqualificando a pré-candidata Dilma Rousseff. Para essa imprensa lacaia e ladina, pouco importa se a criança é lançada fora junto com a água suja da bacia. Se for para praticar seu lazer preferido - esculachar Lula e a sua política externa, o PiG (Partido da Imprensa Golpista) pouco liga para o fato de colaborar com o desprestígio internacional do Brasil. Até porque o hábito do uso do cachimbo entorta a boca mesmo: esses senhores donos da mídia tupiniquim sempre foram entreguistas e estiveram de joelhos para os norte-americanos; nunca pensaram no Brasil, mas somente nos seus bolsos.

Mas a “festinha”, pelo menos nesse episódio do acordo com o Irã, não está acabando conforme o planejado. A súcia entra pelo cano. Segundo agência de notícia britânica Reuters, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, teria escrito em carta remetida a Lula duas semanas antes da declaração de Teerã que o acerto de troca de combustível nuclear com o Irã seria uma medida importante para a superação negociada do impasse.

Segundo a Reuters (clique aqui para ler a matéria do jornalista Paulo Henrique Amorim), Obama teria afirmado na carta a Lula que "Do nosso ponto de vista, uma decisão do Irã de enviar 1.200 kg de urânio de baixo enriquecimento para fora do país geraria confiança e diminuiria as tensões regionais por meio da redução do estoque iraniano" de urânio levemente enriquecido.

Ocorre que no acerto mediado pelo Brasil, o Irã concordou em depositar 1.200 quilos de urânio levemente enriquecido na Turquia, recebendo em troca 120 quilos de combustível para um reator de pesquisas médicas localizado na capital iraniana. E onde foi parar a tal “confiança” referida por Obama? Pelo que os acontecimentos recentes demonstraram, o Irã é mais confiável que os EUA...

Somente agora é possível compreender porque Barack Obama não havia se pronunciado claramente sobre o acordo construído pelo esforço diplomático brasileiro, deixando as falas para a secretária de Estado Hillary Clinton. Ora, seria muito constrangedor para ele vir a público e negar suas próprias palavras (escritas).

O Brasil, ao que tudo indica, mais uma vez foi traído pelos ianques.

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Aproveito o tema dessa postagem para reproduzir, abaixo, escrito do Mino Carta, editorial da revista Carta Maior, edição de 21MAIO2010, tratando da vassalagem do PIG. Pesquei do Blog Aldeia Gaulesa.

Os interesses dos impérios e os nossos

Mino Carta

Ao ler os jornalões na manhã de segunda 17, dos editoriais aos textos ditos jornalísticos, sem omitir as colunas, sobretudo as de O Globo, me atrevi a perguntar aos meus perplexos botões se Lula não seria um agente, ocidental e duplo, a serviço do Irã. Limitaram-se a responder soturnamente com uma frase de Raymundo Faoro: “A elite brasileira é entreguista”.

Entendi a mensagem. A elite brasileira aceita com impávida resignação o papel reservado ao País há quase um século, de súdito do Império. Antes, foi de outros. Súdito por séculos, embora graúdo por causa de suas dimensões e infindas potencialidades, destacado dentro do quintal latino-americano. Mas subordinado, sempre e sempre, às vontades do mais forte.


Para citar eventos recentíssimos, me vem à mente a foto de Fernando Henrique Cardoso, postado dois degraus abaixo de Bill Clinton, que lhe apoia as mãos enormes sobre os ombros, em sinal de tolerante proteção e imponência inescapável. O americano sorri, condescendente. O brasileiro gargalha. O presidente que atrelou o Brasil ao mando neoliberal e o quebrou três vezes revela um misto de lisonja e encantamento servil. A alegria de ser notado. Admitido no clube dos senhores, por um escasso instante.

Não pretendo aqui celebrar o êxito da missão de Lula e Erdogan. Sei apenas que em país nenhum do mundo democrático um presidente disposto a buscar o caminho da paz não contaria, ao menos, com o respeito da mídia. Aqui não. Em perfeita sintonia, o jornalismo pátrio enxerga no presidente da República, um ex-metalúrgico que ousou demais, o surfista do exibicionismo, o devoto da autopromoção a beirar o ridículo. Falamos, porém, é do chefe do Estado e do governo do Brasil. Do nosso país. E a esperança da mídia é que se enrede em equívocos e desatinos.

Não há entidade, instituição, setor, capaz de representar de forma mais eficaz a elite brasileira do que a nossa mídia. Desta nata, creme do creme, ela é, de resto, o rosto explícito. E a elite brasileira fica a cada dia mais anacrônica, como a Igreja do papa Ratzinger. Recusa-se a entender que o tempo passa, ou melhor, galopa. Tudo muda, ainda que nem sempre a galope. No entanto, o partido da mídia nativa insiste nos vezos de antanho, e se arma, compacto, diante daquilo que considera risco comum. Agora, contra a continuidade de Lula por meio de Dilma.

Imaginemos o que teriam estampado os jornalões se na manhã da segunda 17, em lugar de Lula, o presidente FHC tivesse passado por Teerã? Ele, ou, se quiserem, uma neoudenista qualquer? Verifiquem os leitores as reações midiáticas à fala de Marta Suplicy a respeito de Fernando Gabeira, um dos sequestradores do embaixador dos Estados Unidos em 1969. Disse a ex-prefeita de São Paulo: por que só falam da “ex-guerrilheira” Dilma, e não dele, o sequestrador?

A pergunta é cabível, conquanto Gabeira tenha se bandeado para o outro lado enquanto Dilma está longe de se envergonhar do seu passado de resistência à ditadura, disposta a aderir a uma luta armada da qual, de fato, nunca participou ao vivo. Nada disso impede que a chamem de guerrilheira, quando não terrorista. Quanto a Gabeira, Marta não teria lhe atribuído o papel exato que de fato desempenhou, mas no sequestro esteve tão envolvido a ponto de alugar o apartamento onde o sequestrado ficaria aprisionado. E com os demais implicados foi desterrado pela ditadura.

Por que não catalogá-lo, como se faz com Dilma? Ocorre que o candidato ao governo do Rio de Janeiro perpetrou outra adesão. Ficou na oposição a Lula, primeiro alvo antes de sua candidata. Cabe outro pensamento: em qual país do mundo democrático a mídia se afinaria em torno de uma posição única ao atirar contra um único alvo? Só no Brasil, onde os profissionais do jornalismo chamam os patrões de colegas.

Até que ponto o fenômeno atual repete outros tantos do passado, ou, quem sabe, acrescenta uma pedra à construção do monumento? A verificar, no decorrer do período. Vale, contudo, anotar o comportamento dos jornalões em relação às pesquisas eleitorais. Os números do Vox Populi e da Sensus, a exibirem, na melhor das hipóteses para os neoudenistas, um empate técnico entre candidatos, somem das manchetes para ganhar algum modesto recanto das páginas internas.

Recôndito espaço. Ao mesmo tempo Lula, pela enésima vez, é condenado sem apelação ao praticar uma política exterior independente em relação aos interesses do Império. Recomenda-se cuidado: a apelação vitoriosa ameaça vir das urnas.

Postado por Blog do Charles Bakalarczyk

2 comentários:

  1. Desta vez os Yanques quebraram a cara, o PIG quebrou mais uma (já perdi a conta de quantas foram). Imaginaram que Lula não tinha uma carta na manga mas, ele tinha era um jogo feito rssss. Vão ter de se rebolar muito para sair desta enrascada que o analfa os colocou. Pois terão de assumir, sem mascaras sem disfarce que desejam mesmo é a guerra (para vender armas) e o petróleo do Irã.

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  2. Este artigo do Mino é simplesmente fenomenal!
    Aliás, o Mino além de ser um dos maiores jornalista do Brasil, escreve bem pacas! Para mim, ele e o saudoso Nelson Rodrigues são inigualáveis.
    Pânico total nas hostes tucanos. O Porta-Voz para a campanha do Serra, com o cotovelo inchado, já trombeteia "que Dilma sobe nas ilegalidades do Lula".
    Eles desdenharam, humilharam, denegriram o Vox populi e o Sensus, e agora ficaram com cara de amélia com o resultado doo Datafolha.

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