do Tijolaço
Vibrei quando vi a notícia de que Dilma Rousseff tinha cancelado a sua participação na tal “sabatina” da Folha de S. Paulo aos presidenciáveis. Dilma tem compromissos no exterior e não pode comparecer. Ofereceu-se para marcar nova data, mas o jornal fica “funhunhando”, dizendo que isso depende da concordância de Marina e Serra, embora o que estivesse previsto não fosse um debate entre os três, mas uma simples entrevista.
Eu, de cara, já implico com o nome pretensioso que o jornal dá a isso. Porque não se chama “entrevista” ou “debate”? Embora não tenha este sentido literal, parece que o jornal, do alto de sua cátedra, quer “tomar o ponto” das pessoas, ver se elas se encaixam no “figurino” do “mestre”…
A Folha não “está podendo” isso tudo, não…Seus profissionais tem que ser respeitados, atendidos, as suas perguntas respondidas e todos eles tratados com consideração e até solicitude, mas o jornal está assumindo uma postura de tal parcialidade que não lhe assiste o direito de se pretender juiz de um processo eleitoral.
Mas, sobretudo, faz tempo que eu não vejo um político brasileiro dizer “não dá” para os ditames da Folha. A imprensa é importantíssima e indispensável porque é um meio de comunicação com a população, não porque seja um tribunal onde devamos ser julgados. Nosso juiz é o povo brasileiro.
E tem mais: A Folha não teve pejo de publicar uma “ficha”, já apontada como montagem por peritos, tentando envolver Dilma com um mirabolante sequestro de Delfim Netto e não teve a coragem de assumir o erro, ficando num ridículo “não há nada que prove ser verdadeiro, mas também não há nada que prove ser falso”. Um argumento destes serve até para justificar a publicação de que Papai Noel tem um trenó puxado por renas.
Isso teve efeitos danosos sobre Dilma, alguém duvida. Hoje me chegou um novo comentário deleitor narrando o caso de pessoas que ficaram com a impressão de que Dilma “não pode sair do país” por supostas acusações de crimes.
A Folha veja que dia a Dilma pode atende-la, e faça a entrevista. Com toda a liberdade, do jeito que quiser e tenh certeza que Dilma desmonta qualquer armação que vier.
Mas a Folha precisa perder esta mania de se achar dona do mundo. Até porque o mundo que era propriedade dos “jornalões” está acabando. A informação, mais pelas artes do capitalismo e da tecnologia do que pelas ações políticas, está se democratizando.
E isso não vai parar.
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