Desenvolvimento seguro e sustentável


Delúbio Soares (*)
 Desde o início da crise econômica mundial, vários economistas traçaram um quadro tenebroso para o país, acompanhados por alguns comentaristas econômicos e com a indisfarçável torcida da oposição. Ao contrário desse pessimismo, o presidente Lula analisou a crise como uma oportunidade: um salto de desenvolvimento para o país estava por vir. Anteviu a famosa "marolinha", diante de uma enxurrada de críticas e até de ofensas. Nosso presidente reafirmou que o Brasil, país de gente trabalhadora e acostumada a enfrentar desafios, não iria sucumbir à onda negativa desses analistas e que a crise que atingiu todo o mundo não iria provocar grandes danos ao Brasil e sua economia.
A comprovação chegou de forma contundente: pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, atesta um crescimento mais que expressivo do Produto Interno Bruto, o PIB, de 9% entre os meses de março de 2009 e março de 2010. Hoje, o país tem condições de crescer até 7% neste ano sem provocar impactos na inflação. O primeiro passo é manter os preços e a qualidade de nossos produtos e serviços para sustentar o ritmo de crescimento de nossa economia, com a continuidade da política desenvolvimentista do governo Lula, onde se sobressai a geração constante de milhões de empregos para nossos trabalhadores.
 Recentemente, o presidente Lula lembrou os mais de sete milhões de desempregados  nos EUA e na Europa, somente em 2009, enquanto no Brasil o problema foi superado porque houve aumento de consumo nas classe D e E, ou seja, na base da chamada pirâmide social. Durante o período de crise, o Brasil cresceu, fez justiça social e redistribuição de renda, aproveitou o momento para avançar e cumprir nossa destinação de potência que emerge e se qualifica no contexto das grandes Nações.
 É natural que o Brasil cresça em 2010 mais que o registrado antes da crise econômica. Isso é resultado de uma nova mentalidade que preside as relações entre o capital e o trabalho em nosso país; é fruto de um governo que soube ousar sem correr riscos desnecessários, acreditando na capacidade produtiva de nosso povo e na competência de nossos empreendedores; é obra de um presidente que não fez concessões demagógicas e da melhor equipe econômica que o país conheceu nas últimas décadas. Ao contrário da barafunda da década perdida dos tucanos, quando o governo anterior nos levou a três sucessivas quebras, com humilhantes visitas aos balcões do FMI (hoje não mais nosso credor, mas devedor!), o governo Lula primou pela competência gerencial, pelo planejamento estratégico e pelo comprometimento com a melhora das condições de vida de nosso povo.
Lula sabe que o país deve investir ainda mais aumentando a capacidade de oferta, gerando empregos e divisas, continuando o caminho de progresso e afirmação hoje trilhado. Se o consumo cresce mais que a oferta, haverá inflação ou aumento de importação. Ou ambos. Quando havia muita barreira à importação, o risco inflacionário era maior. Hoje, o país pode importar o que se fizer necessário e tem alto volume de reservas para sustentar déficits nas contas externas. Em assim sendo, os investimentos são tão importantes para garantir o aumento da produção e a melhoria da infra-estrutura, com o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, que tem mudado a face do país, transformando-o em grande canteiro de obras, recuperando o tempo perdido pelo desgoverno anterior.
Para se ter uma idéia, em 2007 o PIB havia crescido 6,1% de acordo com números revisados pelo IBGE. Foi o primeiro reflexo do sucesso do presidente Lula e sua equipe após superarem a herança maldita recebida em 2003. Em 2008, a expansão foi de 5,1%. A trajetória foi interrompida pela crise econômica, que fez o PIB cair 0,2% no ano passado. Mesmo assim, foi um percalço pequeníssimo se comparado aos problemas que países mais ricos e desenvolvidos sofreram, notadamente os Estados Unidos e vários membros da Comunidade Européia. Para que o país continue a crescer em torno de 5,5% nos próximos dez anos sem a ameaça de provocar inflação, Lula e equipe estão trabalhando para que a taxa de investimento aumente de 18% para 25% em 2011. O Brasil é capaz, sim, de tamanho feito em um curto espaço de tempo sem provocar inflação, por isso o governo federal está aumentando substantivamente os investimentos sem correr qualquer risco, pois tem reserva de caixa e notórios sinais de que nosso crescimento é seguro, sustentável e irreversível.
 Entre janeiro e março de 2010, a indústria e os investimentos foram os grandes destaques do crescimento de 9% de nossa economia. Este foi o maior salto desde o início da pesquisa do IBGE, em janeiro de 1996, quando o Brasil não havia alcançado, ainda, uma posição de destaque. Hoje, ocupa o 6º lugar entre os países que mais cresceram no trimestre passado dentro da lista que enumera as 60 maiores economias.
 Em comparação ao último trimestre de 2009, o PIB cresceu 2,7% e chegou a R$ 826,4 bilhões. A indústria liderou a alta e cresceu 4,2% e os investimentos, 7,4%. As duas áreas contribuíram para um aumento de 13,1% nas importações, boa parte de matérias-primas e de maquinário para o setor industrial. Esse é o resultado de um governo que acredita no Brasil e na sua capacidade econômica.  Mas, sobretudo, de um governo que acredita em seu povo. Aliem-se a isso os investimentos sociais, que sempre foram prioridades para um presidente que surgiu da classe trabalhadora e dela nunca se esqueceu ou a decepcionou.
 Lula estava certo, quando debaixo de críticas afirmou que a crise econômica internacional seria uma "marolinha" para o Brasil. O mais popular de nossos presidentes desde Getúlio e JK, chefiando um governo que recuperou o prestígio internacional e a auto-estima de nosso país, sabia exatamente o que falava naquele momento de incertezas. Hoje os Estados Unidos retomam o caminho de seu crescimento de forma quase tímida; países da rica Europa se vêem às voltas com o desemprego e a estagnação; a Grécia preocupa o mundo e busca reeguer-se depois de um colapso econômico e social. Enquanto isso, o Brasil superou a marolinha e surfa na onda do desenvolvimento e da prosperidade. Os brasileiros merecem.
 (*) Delúbio Soares é professor

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