Café com o Presidente

Transcrição do programa de hoje:

- Olá, você, em todo o Brasil. Eu sou Luciano Seixas e começa, agora, o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Estamos de volta, depois de um intervalo de quase três meses de campanha eleitoral. Olá, presidente? Tudo bem?

- Tudo bem, Luciano! Estava com saudades, viu?

- Ora, eu que o diga! Presidente, nosso primeiro tema de hoje não poderia deixar de ser o resultado das urnas e a eleição da primeira mulher para a Presidência da República: a sua candidata, Dilma Rousseff. Que Brasil é esse que sai das urnas, presidente?

- Eu acho que o Brasil que sai das urnas, Luciano, é o Brasil que a maioria do povo desejou que tenha continuidade. É a maioria de um povo que usufruiu das políticas públicas determinadas durante oito anos pelo nosso governo, e que resultou em uma melhoria geral da qualidade de vida das pessoas. Todo mundo tem consciência que no nosso governo não teve nenhum segmento da sociedade que não ganhou. Os empresários ganharam, os trabalhadores ganharam, os mais pobres ganharam, os trabalhadores rurais ganharam. E eu acho que a sociedade inteira ganhou. Houve uma evolução, mas eu penso que nós deveremos avançar ainda mais. Então, o resultado das eleições é que o povo quer avançar mais, e avançar mais significou eleger a Dilma Rousseff presidente da República. Foi uma vitória do bom senso da maioria do povo brasileiro. O povo brasileiro terá uma belíssima surpresa com o mandato da nossa companheira, presidente Dilma Rousseff.

- É possível, presidente, superar o clima de confronto que nós vimos durante a campanha?

- Eu acredito que sim, porque não é que as pessoas que fizeram oposição durante a campanha deixem de ser oposição, pelo contrário, a oposição faz parte da consolidação do processo democrático. O que é importante é que a oposição seja feita de forma civilizada, de forma a fazer uma política madura, em que o que vale, agora, é o Brasil. Tem uma presidente da República eleita diretamente pelo voto do povo brasileiro, e o que vale é isso. Ela vai governar para 190 milhões de brasileiros.


- Você está ouvindo o Café com o Presidente, o programa de rádio do Presidente Lula. Presidente, o senhor embarca hoje para Moçambique, e depois, segue para a Coreia do Sul, onde acontecerá a reunião de líderes do G-20 – o grupo das maiores economias do mundo. Lá o senhor vai encontrar com a presidente eleita Dilma Rousseff. O que significam essas duas viagens, presidente?


- Duas coisas importantes. Primeiro, o G-20 discute a questão da economia mundial, desde a crise de 2008, a crise que abalou os Estados Unidos e que abalou a Europa, e que ainda não foi solucionada, porque a economia européia e americana ainda está em crise. E nós criamos o G-20 porque não tinha um fórum multilateral para tomar decisões, para orientar, inclusive, o próprio sistema financeiro. Então, nós vamos lá discutir a questão da retomada do crescimento econômico, sobretudo nos Estados Unidos e na União Européia, que o consumo está muito pequeno, o mercado interno está enfraquecido e nós precisamos dinamizar a economia. E dinamizar a economia significa aquecer o comércio. Aquecer o comércio significa a gente não impor barreiras para o livre comércio. Então, eu acho que essa é uma coisa importante que nós vamos discutir.

- A outra coisa que nós vamos discutir é a questão do cambio. Todo mundo já sabe que existe uma guerra cambial. O ministro Guido Mantega, na última reunião dos ministros da Economia do G-20, denunciou essa guerra cambial. Ou seja, a desvalorização da moeda chinesa e da moeda americana diante das outras moedas está causando um desequilíbrio no comércio mundial, e nós precisamos voltar a ter um equilíbrio. Portanto, nós queremos discutir o compromisso de todos os países com a política cambial, que deixe todo mundo confortável e todo mundo em igualdade de condições na disputa comercial. Esse também será um assunto muito importante.  E outro assunto importante no G-20 é a o instrumento de controle do sistema financeiro. O sistema financeiro, depois da irresponsabilidade da crise de 2008, não pode continuar sem controle. É preciso, no mínimo, que tenha um instrumento multilateral que possa fiscalizar a alavancagem do sistema financeiro mundial, para evitar especulação, sobretudo como aconteceu no mercado imobiliário americano, ou no mercado futuro, sobretudo de commodities. É importante que a gente fique atento. E em Moçambique, eu vou fazer uma coisa que é um sonho, porque nós vamos inaugurar três núcleos de universidade aberta, um em Maputo, outra em Beira e outro em Lichinga, vamos fazer uma visita à fábrica de antiretrovirais, que é um remédio para combater a AIDS produzido pela Fiocruz, que está passando tecnologia e orientando o povo de Moçambique. Também vamos ter encontros empresariais, porque tem muitas empresas brasileiras fazendo investimentos em Moçambique . A Vale, em Moatize, tem uma grande mina de carvão. Outras empresas brasileiras da construção civil, empresas de celulose estão fazendo investimentos, e eu penso que essa visita é a consolidação da relação e do fortalecimento de Brasil e Moçambique. Depois, nós vamos, ainda esse ano, ver se nós inauguramos a pedra fundamental da Universidade Brasil – África, em Redenção, no estado do Ceará, e aí nós consolidaremos a nossa relação com os países africanos. Portanto, a minha ida a Maputo é uma coisa de solidariedade, é uma coisa de fraternidade, é uma coisa de irmandade entre o Brasil e Moçambique.

- Muito obrigado, presidente Lula, e até a próxima semana!

- Obrigado, Luciano, e até a próxima semana.

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