Hora de acabar com vigarices e malandragens

Já deveria ter sido entinta esta aberração faz tempo...

Vão  para o  economista Paulo Rabello de Castro os primeiros aplausos da semana. Sem ser radical, muito menos sem pertencer à corrente esquerdista de seus companheiros, ele denunciou ontem uma das mais abomináveis heranças do governo Fernando Henrique Cardoso, mantida pelo governo Lula e agora, quem sabe, capaz de  ser corrigida pelo governo Dilma Rousseff.


Quando um especulador estrangeiro procura o Brasil, formando no grupo dos tais investidores responsáveis pelo apregoado sucesso de nossa economia, recebe de 25 a 30% de lucro sobre o seu capital, tanto faz o tempo em que permaneça aqui. Podem ser meses ou até um simples  fim de semana, compondo o chamado capital-motel, aquele que chega de tarde, passa a noite e vai embora de manhã depois de haver nos  estuprado um pouquinho mais.   O  diabo, para nós, é que o especulador estrangeiro não paga imposto de renda. Sem mais aquela, leva o seu dinheiro de volta acrescido da maior taxa de juros do planeta, muitas vezes sem ter contribuído para criar um emprego ou forjar um parafuso. 

Podemos acrescentar que quando o investidor é brasileiro, preferindo aplicar aqui o seu capital, vê-se atropelado pelo imposto de renda, na base dos 20%. Se for  malandro, dá um jeito de primeiro mandar o dinheiro para fora, repatriando-o depois para especular como se estrangeiro fosse, ou seja, sem pagar imposto de renda, estabelecendo uma ciranda cruel para nossa economia.

O sociólogo criou essas e outras aberrações, como a de liberar plenamente as multinacionais para quantas remessas de lucro pretendam fazer. O que chama a atenção e,  mais do que ela, a indignação, é que o presidente Lula não se  moveu  para conter tamanho crime de lesa-pátria. Antônio Palocci, Henrique Meirelles e Guido Mantega  mantiveram os privilégios dos tempos do neoliberalismo mais descarado, apesar de a imensa maioria dos países em desenvolvimento ter criado mecanismos de defesa de seus interesses.

Vem agora Dilma Rousseff e a pergunta é se manterá essa mesma vigarice. Pode ser que não, ainda que venha a  preservar  a referida trinca do barulho  no ministério. Porque ministros existem para seguir diretrizes de presidentes da República. Quem sabe?
Carlos Chagas

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