Para Delfim Netto, a principal medida que será eficiente para diminuir apreciação do real ante o dólar é a queda expressiva dos juros reais. Hoje, essa taxa está em 5,95% medida pelo critério ex-ante, quando é negativa em várias economias desenvolvidas, especialmente nos EUA, Zona do Euro, Japão e Inglaterra. Na avaliação de Delfim Netto, se o governo da presidente eleita fortalecer o ajuste fiscal, para um patamar próximo a 3,3% do PIB no próximo ano, sem descontar investimentos do PAC, conjugada com a expressiva queda dos juros reais, País "terá todas as condições de crescer entre 5% e 6% nos próximos anos."
Em sua palestra, Delfim Netto destacou que muitas pessoas "subestimam em excesso" a capacidade administrativa da presidente eleita. "Dilma é competente, trabalhadora e faz follow up. Uma ordem que ela dá hoje, quatro dias depois está lá cobrando do assessor, com um papelzinho anotado", comentou. Para o ex-ministro, a administração Dilma tende a ser "muito mais equilibrada" em vários assuntos do que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele destacou, por exemplo, a atuação do novo governo em relação às atividades do MST, que para ele, a administração Lula agiu para acomodar os seus protestos. "Dilma já disse que a lei também vai funcionar nessa questão", destacou.
Delfim Netto acrescentou que as centrais sindicais dos trabalhadores "terão muito menos poder" no governo de Dilma Rousseff do que na administração do presidente Lula. Segundo ele, isso é até natural, pois Lula foi um dos principais líderes dos metalúrgicos da história do ABC paulista. "Mas o Lula, por outro lado, ligou para os sindicalistas e disse para eles: se vocês pedirem aumentos às empresas acima da produtividade, o teu filho vai perder o emprego", disse. O ex-ministro elogiou a "intuição sensata" do presidente Lula, pois soube defender uma regra básica da economia: buscar o equilíbrio entre receitas e despesas. Ele ressaltou que o País cresceu nos últimos anos, com inflação sob controle e não passa por problemas sérios de ordem fiscal.
"Para o Lula, se o salário é 20 e a despesa é de 19, o trabalhador tem uma possibilidade de comprar um Volkswagen", disse. "Mas se o salário é de 19 e a despesa é de 20, aí você está frito", comentou. Na avaliação do ex-ministro, a presidente eleita deve adotar um programa fiscal consistente e duradouro no longo prazo, o que permitirá ao Banco Central baixar os juros a partir do próximo ano. "O importante é adotar um ajuste fiscal que permita que a dívida pública bruta baixe nos próximos anos para 40% do PIB e a dívida líquida caia para 30% do produto interno bruto", destacou.
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