É bom poupar o constrangimento de fulanizações

Ingratos e ressentidos

Queixava-se o então presidente Juscelino Kubitschek que,  ao nomear um ministro, fazia dez ressentidos e um ingrato. Dilma Rousseff  ainda não precisa levar o comentário ao pé-da-letra porque ingratos, propriamente, ainda não apareceram. Por enquanto, os escolhidos estão manifestando agradecimentos, lealdade e bons propósitos.  A presidente eleita não perderá por esperar, no entanto. Quando começarem as disputas internas por espaço muitos sentimentos mudarão em sua equipe. A razão é simples: esse é o ministério da redundância. Montes de atribuições estão emboladas nas diversas pastas, tanto  na economia quanto na administração e, pelo jeito, também na política externa. No governo Lula tem sido assim, mas para o mandato de Dilma as previsões parecem maiores. É bom poupar o  constrangimento de fulanizações, por enquanto, já que entre os escolhidos, tudo é festa. Em alguns meses veremos quem briga com quem.

Quanto aos ressentidos, a conversa é outra. Na nova  bancada do PMDB na Câmara o que mais se ouve são referências aos "ministériozinhos" oferecidos ao partido. Não devem ser levadas a sério as explosões de que "ela vai ver quando encaminhar seus primeiros projetos", até porque o ministério não está completo e só agora abre-se a temporada de caça aos cargos de segundo escalão, muitos deles tão apetitosos quanto os de primeiro. Também no PT registram-se queixas e reclamações, para não falar nos penduricalhos. De qualquer forma, importando menos o volume  de ingratos e ressentidos, tem sido sempre assim desde que o mundo é mundo.
por Carlos Chagas

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