O cenário de incertezas externas, em especial a lenta recuperação das economias avançadas, será o principal desafio para a execução da política econômica do governo Dilma


A preocupação foi externada hoje por Alexandre Tombini, diretor de Normas do Banco Central (BC) e indicado a presidente da instituição.

"A condução da nossa política econômica nos próximos anos se dará com um quadro volátil, ao qual devemos permanecer atentos. O sucesso da economia brasileira na superação da crise de 2008 não deve ocultar o futuro desafiador que teremos no cenário externo", disse Tombini em seu discurso na sabatina a que se submete na CAE - Comissão de Assuntos Econômicos - do Senado.

Ele enfatizou os riscos que os resquícios da crise de 2008 ainda trazem para a economia global, em especial para os países emergentes que crescem com vigor.

"É necessário discernir os aspectos temporários e permanentes, positivos e de riscos", disse ele, funcionário de carreira do BC há 15 anos e membro da diretoria desde 2005.

Tombini defendeu o uso de "instrumentos macroprudenciais", principalmente para prevenir a formação de bolhas financeiras e de crédito. Enfim, "para prevenir futuras crises bancárias e de balanço de pagamentos", continuou ele.

Saudado pelos senadores como um bom nome para substituir Henrique Meirelles, há oito anos à frente da autoridade monetária, Tombini defendeu o tripé controle da inflação, câmbio flutuante e controle fiscal como fundamental para uma condução macroeconomômica em direção à estabilidade ao crescimento sustentável e a prevenção de crises.

"Não devemos nos acomodar, pois as crises financeiras surgem de maneira letã e silenciosa", advertiu o diretor do BC.

Ele voltou a defender o regime de metas de inflação, reiterando que a presidente eleita Dilma Rousseff lhe exigiu a perseguição "incansável" da meta de 4,5% da inflação oficial (IPCA) nos próximos dois anos. Reiterou que o sistema de metas de inflação se prima pela "simplicidade, fácil aferição e transparência."

Tombini também citou a importância da trajetória de expansão do crédito "não só para o financiamento do consumo, mas, principalmente, para o financiamento habitacional e do investimento produtivo".

Mas "é importante que essa ampliação ocorra de forma segura, evitando, inclusive, o endividamento excessivo das famílias e das empresas", continuou ele, em referência a medidas de freio ao crédito adotadas pelo BC na semana passada. E alertou: se aprovado, "não vai hesitar em adotar medidas prudenciais e macroprudenciais que garantam o crescimento do crédito de forma sustentável".

Tombini disse ainda aos senadores que a inclusão financeira é muito importante para a eficácia da política monetária. Citou que existem mais de 20 mil agências bancárias no país, cerca de 50 mil postos de atendimento, mais de 158 mil caixas eletrônicos e 142 milhões de contas bancárias ativas.

Azelma Rodrigues | Valor

Nenhum comentário:

Postar um comentário