Sou antiraças

Não Sou apenas antiracistas, sou antiraças Não reconheço a raça Vermelha Amarela Branca Preta Azul ou qualquer outra cor com que queiram def...

Artigo semanal de Delúbio Soares

Cada aluno um computador
 

Há um novo Brasil na cabeça de nossos jovens estudantes. Em verdade, há um mundo novo, mais inteligente, generoso e produtivo povoando as mentes e embalando os corações de meninas e meninos, de adolescentes cheios de vontade de aprender, determinados em fazer do estudo um caminho de realização profissional em suas vidas. Nas salas de aula de todo o Brasil, de forma silenciosa e irreversível, uma geração superdotada se prepara para assumir as rédeas do país num futuro muito próximo. A inclusão digital, especialmente de nossos estudantes, será a grande revolução de nossa história.

 Esses adolescentes já se vestiram de amarelo na campanha das Diretas, pintaram seus rostos e invadiram as ruas, emprestando cor, som, coragem e alegria a um momento dramático da vida nacional.  Isso foi num passado não muito distante. Hoje, nas pontas dos dedos que martelam teclados e com as cabeças antenadas na vida nacional e nos avanços da tecnologia, eles continuam fazendo história e apostando no futuro de nosso país.

 Longe vai o tempo em que de lápis, borracha e caderno, decorando a taboada e olhando para as lições riscadas à giz no quadro-negro, os estudantes aprendiam o essencial, o básico e o tradicionalmente ministrado. Hoje a educação brota das telas, vem por impulsos eletrônicos, é amplificada no universo da informação instantânea, através do avanço tecnológico, da internet, dos mecanismos de busca, das redes sociais e das possibilidades infindas de se alcançar mais e mais saber.

 Quantos jovens pela vastidão do interior do país-continente, pertencentes às classes C, D e E, filhos do povo e sem muitos recursos financeiros, diante de computadores comprados em suaves prestações e a cada dia mais baratos e de qualidade crescente, no aconchego de suas casas, visitam os museus do mundo e absorvem cultura? Milhões!

 Recordo-me de ter tido acesso à poesia de Drummond por obra e graça de uma professora fabulosa que se correspondia com nosso poeta maior. Isso lá pelos anos 60, na minha querida cidade de Buriti Alegre, no interior goiano. Era uma exceção à regra, era um privilégio, obra de um acaso generoso. Mas hoje, meninos tão simples quanto eu fui, visitam o Louvre, o Moma, o MASP, o Museu do Prado, as melhores coleções de arte do mundo; se atualizam nos acontecimentos culturais e artísticos dos cinco continentes; acompanham os avanços científicos e as pesquisas mais sofisticadas; discutem os temas da atualidade; se enriquecem de conhecimentos gerais; estudam e se aprimoram em diversos idiomas; se informam e se preparam para o futuro profissional; sentem a vertigem de um planeta rico e com imensa diversidade, além de se inspirarem para a luta da ascensão social, do enriquecimento cultural, da batalha diuturna por um lugar ao sol.

 Diante da tela de um micro-computador, de um laptop, de um Ipad, de um Netbook, nossos jovens realizam a descoberta do hoje e do amanhã. O mundo, definitivamente, não só não é mais o mesmo como é muitíssimo diferente a cada dia que passa. Se pararmos para o exame apurado do que a informação instantânea tem feito, chegaremos à conclusão inevitável de que os jovens de agora são bastante mais preparados do que os que hoje têm 30, 40 ou 50 anos de idade.

 O avanço tecnológico que nos desafia e nos fascina, que inferiu de forma absurdamente definitiva e sem retrocesso em nossas vidas pessoais e profissionais, requer atenção e conhecimento. Nas escolas e na mais tenra idade, com todas as aplicações possíveis, a tecnologia da informação deve ser empregada em favor da formação de nossos jovens. O governo do presidente Lula iniciou a projeto de levar a banda larga para 56.685 mil escolas públicas em todo o Brasil, e o da presidenta Dilma Rousseff não só continuou a implementação dessa meta como já planeja a sua ampliação.  

 São três as frentes de ação. A primeira é a instalação dos laboratórios de informática no âmbito do Proinfo. A segunda é a conexão de internet em banda larga, que as operadoras levarão gratuitamente às escolas até 2025, atualizando a velocidade periodicamente. A terceira frente do programa "Banda Larga nas Escolas" é a capacitação dos professores. Para tanto, serão oferecidos cursos à distância, que serão acompanhados pela Secretaria de Educação à Distância do MEC.

 Há outra iniciativa de grande significação, é o "Projeto Computador Portátil para Professores", iniciado em 64 Municípios e agora já extendido a todo o país. Ele visa possibilitar a compra de micro-computadores a preço reduzido por todo o magistério. Inclusive os profissionais da rede particular de ensino podem se beneficiar das condições extremamente favoráveis ofertadas pelo projeto.

 Sempre defendi, com argumentação farta e – mais que isso – absoluta convicção pessoal, o desenvolvimento do programa "Um Computador por Aluno" (UCA) do governo federal, ainda na gestão do presidente Lula, como um dos mais importantes investimentos que o Brasil poderia realizar para o seu futuro como Nação. E defendo, mesmo, a gratuidade de tais equipamentos para quem não possa adquiri-los. É minha posição como professor, como cidadão e como usuário da informática. Creio em tal programa como um dos maiores feitos em toda a história da educação brasileira, tendo-o como algo absolutamente indispensável e insubstituível na formação de nossos estudantes em todos os níveis, mas com a priorização do 1º grau da rede pública de ensino, a base da formação educacional do Brasil.

 Um computador por aluno, mais um para cada professor, banda larga nas escolas, gratuidade no que for possível, com cursos de atualização e continuidade dos programas já iniciados pelo MEC – essa é a receita para uma educação cada dia melhor, mais substantiva e a altura do mundo competitivo e desafiador, de sociedades meritocráticas e cada vez mais exigentes. Cabe ao Brasil dotar sua rede pública de ensino das condições necessárias para que não fiquemos à reboque da história, mas sejamos seus protagonistas. Esses desafios, seguramente, iremos vencê-los.

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