Confissões ao vento
E vieste apenas nas recordações, vestindo camisolas de vento, insinuando teu perfume na primeira brisa mais fresca do lusco-fusco. Ah, como eu queria beber contigo dessa água abençoada e te ver, de novo, mergulhar a nudez que tantas vezes tive entre as mãos, na festa ao mesmo tempo abençoada e pagã dos meus pecados mais sagrados!
Despedidas deviam ser sempre responsabilidade de uma aquiescência mútua. É covardia deixar um coração mais fraco a bater num peito convulso, morrendo de tristeza. Não estava preparado para ver tuas pegadas deixando rastros sem ser comigo.
Não estava preparado para dizer adeus, para aceitar imensidão após imensidão, toda repleta desse silêncio pesado de solidão, quando se foge, tentando escapar dessa agonia enorme que é uma despedida..."
Às vezes, penso escutar os sons do silêncio, como naquela tarde, perto de Agadir, quando parei para um momento de sublime reflexão e acabei por fazer minhas confissões mais sinceras a um vento ainda morno, soprando em direção ao sol poente...
A. CAPIBARIBE NETO
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