Obama dá as cartas; PIG obedece; e nós lançamos aposta

Nove da noite, calor de rachar no cerrado goiano, a gente sai a pé para comprar um pouco de água suja do capitalismo para a família e, para não ir de mente vazia tramando um plano para derrubar o PIG, levamos um radinho. Diante da recusa de ouvirmos o lixo cultural controlado por jabás nas rádios goianas, caímos nas notícias do dia da CBN. Pois bem, saímos de casa já contrariados pelo fato de a Fátima Bernardes ter chamado o ditador do Egito de presidente (com mandato deste 1981!), sendo que Chávez (com mandato deste 1999 - apenas 11 aninhos...), Fidel e outros anti-EUA sempre são chamados de ditadores (menos o da China, claro).

Claro que o objetivo da vida é ser feliz, e nada mais que a locutora Petria Chaves para nos brindar com a inexistência de um manual de redação na CBN. Na Tv Globo é proibido falar a língua portuguesa corretamente no caso da palavra recorde. É obrigatória a pronúncia da palavra em inglês, record, pois em português eles estariam pronunciando o nome de uma concorrente. Mas na CBN, na noite deste 28 de janeiro, no prazo de 60 segundos, a referida locutora falou a referida palavra 4 vezes, duas em português, duas em inglês. É vivendo é aprendendo...

Outra coisa interessante da CBN é que parece que o PIG se reúne para dar notícias falsas sobre o Governo Federal. Combinam de exageram algo, criar expectativa, e depois de uma decisão frustarem o ouvinte. Exemplo: a presidenta Dilma já definiu o salário mínimo em R$ 545, mas CBN ainda noticia que estão em negociação, que Dilma prometeu fechar em R$ 550, mas as centrais sindicais lutam por R$ 580. Imagine só...

Coincidência ou não, o capacho de Uol-Istriti Obama, na mesma hora de Petria Chaves, fez breve discurso pedindo para que a "autoridade egípcia", "eleita nas urnas" por 30 anos consecutivos, implemente "reformas democráticas". Por que Obama não pede que os ladrões de Wall Street permitam que haja uma real democracia nos Estados Unidos da América? Ou na Arábia Saudita? Ou no Paquistão? Ou na Rússia? Por que semana passada, durante a visita do "presidente" da China aos EUA, não se falou em direitos humanos? Simples, por que a China quer comprar 430 aviões da Boeing, feitas por mão de obra estadunidense.

Pois bem, ainda estamos na noite de 28 de janeiro, e lançamos uma aposta a todos os blogueiros sujos, curiosos, camaradas, visitantes e cachaceiros da internet: apostamos 6 long neck de Brahma Extra que na noite de 29 de janeiro de 2011, a partir das 8h30 da noite, os apresentadores do Jornal Nacional-PIG-EUA chamarão o "presidente" do Egito de "ditador" – cruzes! Se perdermos, apostamos mais 6, que o casal 20 vai cumprir o que ditamos (porque em 29 de janeiro, sábado, eles estarão de folga). Só não apostamos quanto à Veja porque a edição para o golpe da semana que vem já deve ter sido fechada.

Não desprezemos que o fogo surgido no mundo árabe-muçulmano (Tunísia, Egito, e em breve Líbano, Jordânia, Iêmen e Palestina) tem como estopim as revelações do portal Wikileaks. Nos anos 1980 a vassourinha estadunidense incentivou a debandada de ditaduras por todo o mundo, mas Oriente Médio passou incólume. Nenhuma das autoridades daqueles países imaginava que uma tal de internet surgiria por aí. Esse tal de tuíter deve ser o antimessias para eles. Onde já se viu, marcar protesto por um microblog? Revolução sempre existiu, com internet ou não, mas jovens árabes estudam inglês e acessam youtube, o consumismo, o telefone celular e o Manchester United fervilham no norte da África, como lemos no portal do Luiz Carlos Azenha. As revelações promovidas por Assange de traição de governos às populações, além da revolta quanto a taxas de desemprego e repressão governamental, estão fazendo o povo protestar depois de décadas de repressão. Só que a democracia que o povo pede não é a democracia que a Casa Branca quer. Aos EUA, cabe a saia justa e a manifestação por meio de notas desavergonhadas, pedindo democracia aos estados que eles sempre apoiaram ditatoriais. Wall Street vai agir de acordo com interesses econômicos, claro: farão algo quando lhes faltar produtos ou surgir oportunidade de uma intervenção militar.

Robert Fisk escreveu que os "documentos da Palestina" são tão demolidores quanto a Declaração de Balfour. A 'Autoridade' Palestina – e as aspas são indispensáveis – estava e está pronta a ceder o "direito de retorno" de talvez sete milhões de refugiados ao que hoje é Israel, em troca de um "estado" ao qual corresponderá apenas 10% (se tanto) do território do Mandato britânico na Palestina.

Israel acompanha tudo com um silêncio macabro. O restante do mundo árabe está atônito. E nós aqui no cerrado goiano só aguarmos o fim do JN para abrirmos mais uma.

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