Sou antiraças

Não Sou apenas antiracistas, sou antiraças Não reconheço a raça Vermelha Amarela Branca Preta Azul ou qualquer outra cor com que queiram def...

Resoluções do ano novo

por Carlos Chagas

Senão desde os tempos de Ramsés II, pelo  menos depois que o planeta  adotou o calendário gregoriano, ficou  estabelecida a obrigação de a Humanidade inteira dedicar-se  às resoluções de Ano  Novo, sempre que ele está começando.  Tudo o que deixamos de fazer nos doze meses que passaram vira proposta para os que virão. Exemplos:

Fazer exercícios diários, para os sedentários. Fumar menos, para os tabagistas inveterados. Beber pouco, para os apreciadores da birita. Comer moderadamente, para os  gulosos, de preferência  frutas,  legumes e verduras.

Trabalhar mais, com   empenho e competência,  será um propósito universal. Outro, de não desperdiçar tanto tempo diante das telinhas e dos telões, aproveitando para botar a boa leitura em dia.

Dar mais atenção à família, evitar paradas no botequim na hora de ir para casa. Ser mais carinhoso e interessado nos filhos, além de mostrar boa vontade e compreensão para com os idosos. Respeitar os subordinados, evitar gestos de subserviência diante dos chefes.

Dirigir com cuidado, de acordo com as regras de trânsito, abandonando a vaidade de gastar as economias trocando de carro todo ano.  Aprimorar o conhecimento frequentando cursos e aprendendo outras línguas, assim como cultivar a sabedoria através da análise antecipada das reações de cada gesto ou opinião.

Procurar entender as razões daqueles que contrariam nosso modo de pensar e de agir.  Jamais imaginar num único livro, doutrina, partido   ou ideologia a resposta para todas as perguntas. Indagar sempre o que faríamos se investidos nas funções daqueles que criticamos.

Falar pouco, ouvir muito e meditar mais ainda, em especial quando se trata de responder a perguntas irrespondíveis, como  de onde viemos e para onde vamos. Levantar a cabeça e olhar o céu, sempre que possível, sabendo da impossibilidade de decifrar o infinito,  mas buscando absorvê-lo.

Cultivar o senso grave da ordem e o anseio irresistível da liberdade.  Encontrar no passado o nosso  maior tesouro, na medida em que o passado pode não nos indicar o que fazer, mas indicará sempre o que devemos evitar.

Em suma, resoluções de Ano  Novo fluem às centenas, mas envolvidas por uma realidade que nos acompanha sempre: será que daqui a um ano estaremos repetindo  essas mesmas promessas, dada a evidência de não havê-las cumprido?

O 2011 que se defronta à nossa frente estará começando com uma semana de atraso, porque do primeiro dia de janeiro até hoje as atenções ficaram voltadas para a posse do novo governo, o pronunciamento da presidente da República e de  seus ministros  e a expectativa das ações iniciais. Resoluções de Ano Novo, assim, foram primeiro deles. Decorridos poucos dias dos tempos pos-Lula, no entanto, voltamos à rotina que nos  força a repensar o individual. Quem sabe desta vez conseguiremos? Caso contrário, não haverá que desanimar. Imitando o esquartejador, podemos fatiar o ano e, por exemplo, deixar as resoluções para depois do Carnaval, que ninguém é de ferro. Por que não deixar passar a  Semana Santa? Ou as férias de julho? Sem esquecer a Semana da  Pátria, o período de Finados e já estaremos outra vez, resolutos, a programar tudo para 2012...


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