Dilma - pagando prá ver

imagem.asp?Imagem=480704De forma lenta, mas decidida, a presidente Dilma Rousseff parece que resolveu pagar para ver até onde vai a lealdade daquele amontoado de partidos, grupos, corriolas, caciques e caros companheiros que formam a chamada base aliada de sustentação do governo no Congresso.

Ao tirar de uma das mais poderosas alas do PMDB o comando de Furnas, o mais importante e endinheirado segmento do setor de energia do País, ela mostrou que não está disposta a continuar a danosa política de seu antecessor de lotear o governo em troca de votos, numa permanente negociação de varejo.

Para Dilma, o apoio desses aliados deve ser constante e no atacado. Nada de negociação a cada projeto, da compra de votos e da sujeição a pressões e chantagens. Os caríssimos companheiros já receberam um novo recado do Planalto.

A presidente decidiu suspender as nomeações dos apadrinhados até a votação do novo salário mínimo. Os deputados e senadores, principalmente os do PT e do PMDB, que formam o rolo compressor nas duas casas do Congresso, ameaçam aumentar o valor proposto pelo governo, numa atitude que nada tem de compromisso com os trabalhadores e que visa apenas a pressionar o executivo para que atenda logo a todos os pedidos de cargos e empregos que se acumulam na Casa Civil.

De outra parte, a mãe do PAC promete não aceitar a indicação de gente da ficha suja para cargos da administração federal, coisa nunca vista na história recente deste País. Mas a presidente precisa ter muito cuidado.

É bom lembrar sempre que Fernando Collor não caiu por causa da corrupção. Seu erro foi se achar forte demais para enfrentar os aliados no Congresso. Concentrando o poder e as chaves dos cofres nas mãos de uma pequena camarilha de amigos, a chamada República de Alagoas, achou que poderia sobreviver sem alimentar a voracidade dos caciques do Congresso, com os quais teimou em não dividir o governo.

Não teve a sabedoria de Lula, que não entregou todos os anéis, mas também fechou olhos e ouvidos para não ver nem ouvir como o País se transformou num dos veleiros mundiais da corrupção e da impunidade. Dilma corre sério risco ao enfrentar os caros amigos.

É por isso que precisa urgentemente se convencer de que deve buscar o diálogo com o povo, usando de todos os meios de comunicação para denunciar as pressões, mostrar a que veio e quem e como coloca obstáculos a qualquer tentativa de fazer do Brasil um País sério.

Desde que Fernando Henrique Cardoso resolveu comprar a emenda da reeleição e o apoio dos aliados no Congresso, principalmente o do PMDB, vem sendo dado no varejo. Cada projeto, cada medida provisória, cada emenda constitucional tem o seu preço e é negociada isoladamente.

Aí entram os cargos, as verbas, as liberações de emendas parlamentares ao orçamento, as concorrências e tudo o que dá dinheiro e poder. Não vai ser fácil para a nova presidente mudar as coisas. Mas pelo menos ela está tendo a coragem de começar a pagar para ver, mesmo correndo o risco do sacrifício. Se ao menos pudesse confiar no povo...
Rangel Cavalcante


Um comentário:

  1. Quem é Rangel Cavalcante?????????? Deve ser os otários politicos que não enxerga um palmo, além do nariz(dele). Nem sabe que é administração pública. Pelo que sei deve ser os tucanalhadas só vê redução do funcionalismo e terceirização. Haja saco para isto!?..

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