por Carlos Chagas

...de como se livrar dos pidões

Allen Dulles, fundador da CIA, dirigia dezenas de estações de espionagem  espalhadas pelo mundo, além de centenas de agentes encarregados de operações nem sempre limpas, melhor dizendo, sujas. Por conta disso, todos os dias recebia montes de relatórios sobre os mais variados temas. Chegou à conclusão de que se fosse ler toda a correspondência a ele destinada, 24 horas por dia seriam insuficientes. Assim, decidiu-se a aprovar ou rejeitar os relatórios pelo peso. Avaliava os textos numa pequena balança colocada em sua mesa de trabalho, sem abrir os envelopes.

Por que se conta esse episódio? Porque coisa parecida precisam  fazer  a presidente Dilma Rousseff e o chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, diante dos numerosos pedidos de nomeação  para cargos no segundo escalão do governo. Quando acompanhados de exposições, diagnósticos e longas perorações a respeito das qualidades dos pidões, poderiam ir  para uma pasta. Trazendo  apenas a solicitação, melhor seria recolhê-los em outra. Tanto faz a prevalência do poder de síntese ou da prolixidade, o resultado final deveria ser o mesmo dos relatórios enviados ao  primeiro diretor da Central Inteligense Agency: desconsiderados. Outros são  os critérios para o preenchimento de vagas na administração federal e nas empresas estatais: mérito e  competência  não podem medir-se por pedidos individuais ou partidários, muito menos se assinados pelos interessados ou seus tutores. Daí a explicação de porque a presidente da República decidiu acionar a ABIN.


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