"O presidente bolivariano Hugo Chávez realiza um valente esforço para buscar uma solução sem intervenção da Otan na Líbia", escreveu.
"Suas possibilidades de alcançar o objetivo aumentariam se lograsse a proeza de criar um amplo movimento de opinião antes que se produza a intervenção".
O movimento de apoio à iniciativa de Chávez, acredita Fidel, evitaria a repetição em países como a Líbia da "atroz experiência do Iraque.
"A Guerra Inevitável da Otan", eis o título do texto de Fidel. Foi pendurado na internet em duas partes. A 1ª na sexta (4). A 2ª no sábado (5).
Em defesa do ditador Muammar Gaddafi, Fidel recorda que, ao derrotar a monarquia, em 1969, o "coronel do exército líbio", com "apenas 27 anos", "aplicou importantes medidas revolucionárias, como a reforma agrária e a nacionalização do petróleo".
Para Fidel, a crise líbia é diferente da revolta que derrubou as ditaduras da Tunísia e do Egito. Por quê? "A Líbia ocupa o primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da África e tem a mais alta expectativa de vida do continente".
Mais: "A educação e a saúde recebem especial atenção do Estado. O nível cultural de sua população é, sem dúvida, mais alto". É como se Fidel desejasse transpor para a Líbia argumentos que utiliza em Cuba para justificar a ditadura cinquentenária.
A certa altura, Fidel faz uma concessão à legitimidade da movimento anti-Gaddafi. Curiosamente, referiu-se à revolta com o verbo no passado: "Sem dúvida, os rostos dos jovens que protestavam em Bengasi, homens e mulheres, com véu ou sem véu, expressavam indignação real".
Atribui a insurreição, porém, à "influência que exerce [na Líbia] o componente tribal [...], que divide gravemente 95% de sua população". Em meio aos afagos em Chávez e Gaddafi, Fidel investiu contra os EUA de Barack Obama.
Acusa "o império e seus principais aliados" de empregar "os meios mais sofisticados para divulgar informações deformadas" sobre o que se passa na Líbia. Enxerga uma "colossal campanha de mentiras, desencadeada por meios de informação de massa".
Algo que, para Fidel, deu origem a "uma grande confusão na opinião pública mundial". Soou hilário ao referir-se à TV estatal da Venezuela: "Emissoras sérias e prestigiosas, como a Telesur, viram-se compelidas a enviar repórteres e cinegrafistas [...] para informar o que realmente ocorria" na Líbia.
Fidel afirma que EUA e a Otan preocupam-se com "a onda revolucionária desencadeada no mundo árabe" por causa do petróleo bombeado na região. "Não podiam deixar de aproveitar o concflito iinterno surgido na Líbia para promover a intervenção militar", escreveu.
Insinuou que Obama vê na ação armada uma oportunidade de recuperar-se da derrota que sofreu na eleição parlamentar de novembro de 2010. Porém, apesar do "dilúvio de mentiras", os EUA não conseguiram "arrastar China e a Rússia" para a tese da intervenção armada, que desejam aprovar no Conselho de Segurança da ONU.
Alteraram-se, então, os planos. Segundo Fidel, optou-se por aprovar a suspensão da Líbia do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Nem por isso Washington abandonou a ideia de intervir militarmente.
Fidel evocou a secretária de Estado Hillary Clinton: "Nenhuma opção está descartada", teria dito ela. E ele: "O problema que talvez não imaginavam os atores é que os próprios líderes da rebelião" líbia rejeitam a "intervenção militar estrangeira".
Nesse ponto, ele reproduziu declaração supostamente feita por Abdelhafiz Ghoga, porta-voz do Comitê da Revolução" na Libia: "O que queremos são informações de inteligência, mas, em nenhuma hipótese, que se afete nossa soberania aérea, terrestre e marítima".
Fidel também mencionou a professora de Ciência Política da Universidade de Bengasi, Abeir Imneina. Ela teria declarado: "Há um sentimento nacional muito forte na Líbia. Além disso, o exemplo do Iraque dá medo ao conjunto do mundo árabe".
No dizer de Fidel, a tese da invasão da Líbia escora-se no "cinismo" e nas "mentiras". Realça que, até bem pouco, EUA e países-membros da Otan celebavam Gaddafi e o petróleo que ele provia.
Agora, "acusam-no 24 por dia de disparar contra cidadãos desarmados que protestam". Fidel pergunta:
"Por que não explicam ao mundo que as armas e todos os equipamentos sofisticados de repressão que possui a Líbia foram fornecidos por EUA, Grã-Bretanha e outros ilustres anfitriões de Gaddafi?"
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