Sou antiraças

Não Sou apenas antiracistas, sou antiraças Não reconheço a raça Vermelha Amarela Branca Preta Azul ou qualquer outra cor com que queiram def...

Artigo semanal de Delúbio Soares

CAMPEI!

                              Um dos acontecimentos mais marcantes da década passada e, seguramente, dos mais importantes da entrada do século XXI, foi protagonizado por duas grandes Nações: Brasil e China. Dois Estadistas visionários conduziram com segurança, discernimento e competência os rumos de suas economias, balizando o papel fundamental que elas desempenhariam nas décadas seguintes no contexto internacional e aproximaram de forma irreversível os seus destinos. Luiz Inácio Lula da Silva e Hu Jintao, não perderam a chance de dar os passos iniciais para que pudéssemos viver o excelente momento em nossas relações bilaterais.

O Brasil e a China, de forma pragmática e transparente, numa equação de co-responsabilidades e metas a serem alcançadas e cumpridas com a participação efetiva do capital privado, iniciaram uma parceria poucas vezes vista entre países de suas dimensões territoriais, importância política e interesses econômicos.  A efetiva parceria entre ambos os países pode ser constatada no imenso fluxo de mercado existente nos dias de hoje em todos os setores de nossa vida: o agronegócio, a mineração, a indústria têxtil, o setor petrolífero e de combustíveis, os eletro-eletrônicos e a tecnologia da informação, a indústria aeronáutica, dentre outros tantos.

Num trabalho paciente, alicerçado em negociação de altíssimo nível, o Brasil e a China removem pouco a pouco as barreiras residuais numa relação que se intensifica ao sabor do impressionante crescimento de ambos os países.  Não há mais mistério para o empresário brasileiro que desembarca em Pequim, Xangai ou Cantão, em busca de bons negócios. Nem há risco algum, além daqueles inerentes à economia de mercado, para o empreendedor chinês que buscar novas oportunidades no Brasil.

O Brasil, de 2003 para cá, deixou para trás uma década infame de idas e vindas aos balcões do FMI em situação falimentar, para experimentar uma verdadeira revolução social com a chegada de mais de 30 milhões de cidadãos à classe média. Nos tornamos, sob a égide da Era Lula, a sétima economia mundial e já estamos às portas da sexta colocação. A produção chinesa, que em 1980, detinha 1,90% no PIB global, em 2000 alcançava os 3,70% e hoje reina sob impressionantes 9,30%. Desde 2009 a China é o maior exportador do mundo; em 2010 tomou o lugar dos Estados Unidos na indústria e tornou-se a maior potência de manufaturados, com 19,8% da produção global contra 19,4% dos norte-americanos.

Nesse cenário, a visita da presidenta Dilma Rousseff à China - com pesada agenda de trabalho, mas coroada de êxito - é um marco não só nas relações bilaterais, mas na consolidação dos Bric's, a união de nosso país à China, Rússia, Africa do Sul e Índia, as potências emergentes do cenário econômico internacional. Foi uma visita de resultados, de semeadura e de colheita, de aprofundamento de relações que amadureceram e já dão bons frutos. Mais de R$ 20 bilhões em projetos tecnológicos chineses no Brasil foram anunciados, de tal forma que um i-pad, o "tablet", passará a ser produzido no Brasil com um preço final ao consumidor quase 40% menor do que o atual. Nova fábrica da gigante tecnológica Foxconn será construída em território nacional, muito provavelmente na região de Campinas (SP).

A ZTE e a Huawei, duas outras empresas de porte mundial, anunciaram novas fábricas no Brasil, com investimentos da ordem de R$ 316 milhões e R$ 553 milhões, respectivamente. Irão produzir, criar novos empregos, pagar impostos, gerar divisas e participar de uma economia que cresce em bases sólidas e sustentáveis, num país que optou pela economia de mercado e pela democracia com justiça social. Trocando em miúdos: os empresários chineses não poderiam escolher lugar melhor que o Brasil para investir.

A Embraer, hoje a terceira maior indústria aeronáutica internacional, atrás somente da Boeing e da Airbus, que já opera uma linha de montagem na China em conjunto com a Harbin Aviation, não só irá reforçar sua produção atual como passará a fabricar os jatos executivos Phenom 100 e 300, sucessos de vendas no Brasil, Estados Unidos e Europa.

Hu Jintao e a presidenta Dilma lançaram as bases para a continuidade de uma relação profícua e o início de um novo ciclo, ainda mais virtuoso e lucrativo para seus países. O imenso mercado chinês se abre para as exportações brasileiras, enquanto a grande potência do extremo oriente deixa claro que seu interesse no Brasil vai para muito mais além do que a soja, o minério de ferro e a celulose.

Foi nítida a mudança de postura da China: se era de colaboração, agora é de associação. Mais de 200 empresários dos mais variados segmentos de nossa economia acompanharam nossa presidenta, organizados por um dos homens públicos mais brilhantes de nosso país, o ministro Fernando Pimentel. Rodadas de negociação em todos os setores se deram com empresários chineses e autoridades governamentais. Não houve setor que não fosse analisado, produto que não fosse discutido, problema que não fosse debatido, pleito que não fosse avaliado. O resultado se fará sentir em nossa balança comercial, com o crescimento do volume de negócios entre as duas potências que mais crescem no cenário econômico mundial.

Em 2003, quando o presidente Lula tomou as rédeas de um país quebrado pelos tucanos e sem nenhuma credibilidade internacional, as exportações brasileiras para a China eram da ordem de apenas US$ 1,1 bilhão. A presidenta Dilma, após os oito anos benfazejos do governo petista, visitou uma China que importou US$ 30,8 bilhões em produtos brasileiros! E sua exitosa missão chinesa certamente agregará ainda mais a essa cifra fabulosa.

Segundo dados do IPEA, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, em 2009 a China tornou-se o maior parceiro comercial do Brasil, tomando um lugar que era dos Estados Unidos. O Brasil importou US$ 25,6 bilhões da China em 2010. O saldo foi um lucro macroeconômico (superávit) de US$ 5,2 bilhões. Com os EUA, o resultado no mesmo período foi um déficit de US$ 8 bilhões (vendas no valor de US$ 19 bilhões para os Estados Unidos e compras de US$ 27 bilhões). Não é preciso muito esforço para saber que o Brasil Império tinha os olhos voltados para a Europa, o Brasil do passado mirava os Estados Unidos e o Brasil do presente e do futuro tem os olhos postos na grande Nação oriental.

A China não é mais um mistério para os brasileiros, nem o Brasil uma aventura para os chineses. Existe uma similitude grande entre nossos países e nossos povos. Uma mobilidade social imensa, economias que crescem vertiginosamente, necessidades a serem supridas e grandes obras a serem realizadas. Culturas extremamente diversas, mas objetivos convergentes.

Estive no início da década passada visitando a China. Ao lado de companheiros do PT, todos convidados pelo governo chinês, visitei por quase duas semanas diversas regiões, escolas, fabricas, observando o crescimento econômico, a inclusão social, as dificuldades que eram vencidas com o esforço de um povo que tem como sua marca a sabedoria e a perseverança. Emocionei-me com a riqueza cultural daquela Nação-continente, ao visitar a Cidade Proibida, o monumental e milenar conjunto arquitetônico que o mundo conheceu nas telas do cinema através do premiado filme "O Último Imperador", de Bernardo Bertolucci. Enxerguei nos Guerreiros de Xian, um verdadeiro exército de estátuas de terracota, o estranho simbolismo de um povo bom e cordial, mas preparado para defender seu país em qualquer situação, com qualquer sacrifício. Na Grande Muralha, avistada da lua pelos astronautas da NASA, deparei-me com a capacidade de trabalho e a persistência dos chineses. Voltei seguro de que a grande potência do hemisfério norte no século XXI estava nascendo ali. A potência emergente ao sul do Equador já era o Brasil, sob o comando do presidente Lula.

Hoje Hu Jintao e Dilma Rousseff celebram a aliança que consolida a sólida parceria de sucesso entre dois gigantes econômicos e sociais. E a palavra sucesso, em Mandarim, o idioma local mais falado, é o cruzamento de dois ideogramas: risco e oportunidade.

Recordo-me que naquele país fabuloso, ao qual admiro profundamente, estive com importantes líderes políticos em Pequim e convivi com camponeses humildes nas províncias distantes do interior. Em todos a mesma cordialidade, a mesma simpatia quando eram informados de que se tratava de um brasileiro. Invariavelmente levantavam um brinde e repetiam a palavra mágica, vinda do coração, que traduz saúde, felicidade, amizade. Recordo-me de todos eles e homenageio o grande futuro de nossa parceria com os irmãos chineses: Campei!

www.delubio.com.br

www.twitter.com/delubiosoares

companheirodelubio@gmail.com

Cl1k4r 4p3n4s n() 4n6nc1() q63 1nt3r3ss4r

Nenhum comentário:

Postar um comentário