Cabelos

Ás vezes não é apenas vaidade

A perda capilar costuma afligir muito as pessoas podendo, de fato, indicar a ocorrência de doenças

Orgulho de seus cachos? E quando os fios começam a cair de forma desproporcional ao comum, tornando bem evidente várias falhas no alto da cabeça, o que fazer?

A primeira coisa é não se desesperar. Mesmo porque, uma avaliação médica minuciosa é importante para saber o que anda ocorrendo com seu organismo.

Sensibilidade
Os cabelos constituem uma parte sensível do corpo humano. Embora bastante resistentes quando sadios, indicando mesmo uma boa constituição orgânica, quando algo não vai bem, são os primeiros a sinalizarem isso, como as unhas e a pele.

Bastante aflita com a queda de seus vastos cabelos, a artista plástica Márcia Vinchi, 42, há quatro decidiu logo tomar providências. "Como não tenho problemas hereditários neste sentido, procurei logo minha dermatologista", comenta.

Na época, a médica a orientou a realizar vários exames médicos, todos com resultados normais. "Sempre lavei meus cabelos todos os dias. Quando comecei a ver uma quantidade enorme no chão do quarto e na escova, não achei isso normal", revela, afirmando que esta situação a fazia se sentir tão mal ao ponto de levá-la a temer pentear os cabelos e até a lavá-los com bem menor frequência.

O estresse, de acordo com Márcia, tem sido o seu vilão em vários sentidos. E seus cabelos acabaram sofrendo as consequências desses altos e baixos emocionais. Felizmente, sem um problema físico mais sério, foi indicada para tratar com uma especialista em terapia capilar, o que funcionou durante os dois meses em que fez sessões semanais.

"É incrível como os cabelos pararam de cair. Observei, no entanto, que foi só parar a queda que retomei os antigos hábitos de usar muitos cremes, lavar com água quente e outros vícios nocivos. Com isso e mais o estresse eles voltam a cair de novo", justifica.

Alopecias
Existem variações raciais, nutricionais, costumes estéticos, entre outros, que induzem às quedas capilares, que na terminologia médica denomina-se alopecias. Conforme a dermatologista Maria José Diógenes, alguns modismos são muito prejudiciais aos pelos. Cita os cabelos alisados com as tais escovas progressivas, reforçando tratar-se de alopecia química, provocada pelo uso do formaldeído.

A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), comenta, proibiu o uso do formol em concentrações altas e estes quadros já se alteraram. Os ciclos capilares, explica a dermatologista, se constitui de fases de nascimento com crescimento contínuo, estabilização e queda (anágena, catágena e telógena), com duração de três a quatro meses, mais ou menos.

Cerca de 90% dos pelos do couro cabeludo encontram-se na primeira fase em que despontam e crescem continuamente. Na sequência, se dá uma parada de crescimento até a fase seguinte, que é da queda, com 10% dos pelos sendo liberados. Quem é perceptivo, observa uma queda de 60 a 120 pelos por dia (pode chegar a 150 em alguns casos) em um indivíduo normal.

"Todos eles vão sendo substituídos regularmente, o que pode ser observado com pelos novos, ou seja, os pequenos que aparecem quando nos penteamos", aponta.

Os problemas de quedas capilares exigem atenção e cuidado quando determinam claramente uma redução no volume total de cabelos (quando cai mais pelos do que crescem). Do contrário, representa apenas uma renovação fisiológica.

As alopecias, confirma Dra. Maria José, recebem uma classificação. São cicatriciais e não cicatriciais. Existem formas circunscritas, difusas e com rarefação de pelos, alopecia total e também a generalizada. Estas podem ser físicas (por queimaduras, radioterapia, trauma mecânico do penteado ou escovas com excesso de tração dos cabelos). 

Também químicas ou tóxicas (formol, venenos, tálio, arsênico, chumbo), infecciosas (dengue, sífilis, foliculite, furunculose, varicela-zoster, micoses superficiais, calazar e outras) ou aparecem como manifestação clínica de doenças sistêmicas (lupus sistêmico, esclerodermia, diabetes descompensado, hipo ou hipertireoidismo, ovários micropolicísticos, anemais, desnutrição ou síndromes desabsortivas, etc) ou relacionadas a situações de estresse, como no caso de Márcia. Há também causas específicas e genéticas para as alopecias, diz Diógenes.

ROSE MARY BEZERRAREDATORA

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