Entrevista - O que diz ACMzinho sobre o momento político

O que disse ACMzinho ao repórter da Época, Leandro Loyola

 A sedução do governo

A política brasileira vive a síndrome do adesismo. Muitos se dirigem a mim envergonhados: "Olha, gosto de você, gosto dos meus amigos de partido, devo muito ao Democratas, no entanto eu só vou sobreviver se virar governo". A gente tenta mostrar que pode ter um projeto futuro, mas boa parte dos políticos só enxerga o dia de amanhã. Os políticos acham que só sobrevivem nas barras da saia do governo.


A resistência

 Uma democracia forte não se sustenta sem uma oposição combativa. [...] O PT viveu mais tempo na oposição do que está vivendo no governo. Em dado momento, o PT foi menor do que o DEM é hoje e, no entanto, teve um projeto claro, soube ir para as ruas e soube conquistar o poder.

A falta de estratégia

A oposição precisa sair dos corredores do Congresso e ir para as ruas. Tem de acabar com esse medo de ir para as universidades debater, medo de ir para os sindicatos debater, medo de ir para as fábricas discursar, medo de buscar os jovens. Esse ambiente do Congresso é um ambiente onde todo mundo está protegido. Tem de ter a coragem de ir para a rua.

A ausência de discurso

 Uma plataforma da oposição precisa ser construída, ela não existe. Os partidos precisam fazer pesquisas, discutir e ter um arcabouço de propostas nacionais e locais. Acabou essa história de um candidato a presidente achar que vai assumir um discurso nacional ou conhecer a realidade local na véspera da eleição. Outra tarefa é fiscalizar o governo.

O DEM acabou? 

Não, o partido não acabou. O Kassab partiu para destruir o DEM. Só que nós temos parlamentares que têm compromisso com o país – porque manter o DEM de pé, manter a oposição viva é ter compromisso com o país e com a democracia.

O contra-ataque

Eu não posso conceber que o maior amigo de [José] Serra [candidato do PSDB à Presidência em 2010] no DEM esteja no colo de Dilma.

A incoerência

Eu fiquei abismado quando vi a senadora Kátia Abreu dar uma entrevista dizendo que estava "louca para falar com a Dilma". Eu, que já tive oportunidade de ouvir a senadora Kátia Abreu fazer comentários sobre o PT, Dilma, Lula – prefiro publicamente não reproduzir as coisas que ouvi –, fico assustado de ver a incoerência das pessoas.

O que acha do PSD? 

Partido Sem Decência. A maioria das pessoas que compõem o PSD são pessoas sem expressão política. Eu não posso acreditar num partido que diz que não é de governo nem de oposição; não é de direita, não é de centro, não é de esquerda.

A fusão com o PSDB

No dia 5 de outubro vencerá o prazo das filiações partidárias para quem vai disputar a eleição de 2012. De que adianta falar de fusão, se até 5 de outubro seria impossível concluir um processo de fusão? Eu acho que o DEM tem de fazer sua reestruturação, o PSDB tem de se fortalecer e, aí sim, os partidos – de preferência incluindo o PPS – precisam aproximar suas estratégias eleitorais.

A candidatura a prefeito de Salvador

Essa decisão não está tomada. Eu acho que já cumpri meu papel no Parlamento. Disputar ou não em 2012 vai depender do contexto político e do projeto nacional. Se o momento não for adequado, eu posso aguardar até 2014.

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