[...] Pudor em observar, tocar e conhecer o próprio corpo interfere na higienização íntima
Na hora do banho, o ato de se tocar é essencial para que a mulher conheça melhor o próprio corpo, contribuindo não só para fortalecer a sexualidade como também para que ela possa realizar a higienização correta da região íntima. Além de livrar-se de odores indesejáveis, a limpeza do local impede o aparecimento de diversas infecções.
"O banho deve ser um momento de lazer e de encontro da mulher consigo mesma, atesta acoordenadora do Ambulatório de Sexualidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), dra. Elsa Gay.
"O desequilíbrio do pH da região genital é o maior responsável por infecções. Para evitar que isso ocorra, é importante que as mulheres mantenham uma dieta balanceada, hidratem-se bem, não se submetam a estresse excessivo, façam check-ups periódicos, durmam bem e tirem sempre as dúvidas com seus médicos", explica a médica.
"O desequilíbrio do pH da região genital é o maior responsável por infecções. Para evitar que isso ocorra, é importante que as mulheres mantenham uma dieta balanceada, hidratem-se bem, não se submetam a estresse excessivo, façam check-ups periódicos, durmam bem e tirem sempre as dúvidas com seus médicos", explica a médica.
Apesar da quebra de tabus e de não ter sido mais vista com tanta resistência nos últimos anos, a higiene íntima ainda não recebe a devida atenção por parte da maioria das mulheres. Foi o que constatou a pesquisa realizada por ocasião do 15° Congresso Paulista de Obstetrícia e Ginecologia, no final de 2010.
O levantamento feito junto à 422 médicos mostrou resultados alarmantes, pois apenas 3% das mulheres atendidas por 75% a 100% dos especialistas entrevistados pediram espontaneamente orientação sobre higiene. Além disso, apenas 20% dos médicos afirmaram abordar o tema de forma proativa durante as consultas.Para mudar esses dados, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) lançou em 2010 o primeiro "Guia de Condutas sobre Higiene Íntima" voltado para auxiliar ginecologistas e obstetras quanto as orientações práticas sobre o tema, embasadas em investigações científicas.Continua na página 2
Mantenha o pH em equilíbrio
A higiene íntima é fundamental, mas pouca gente entende do assunto. "A maioria dos médicos não sabe como abordar corretamente a questão, seja em relação ao homem ou à mulher", segundo afirma o ginecologista e obstetra da Universidade de Campinas (Unicamp), dr. Paulo César Giraldo durante coletiva, em São Paulo. Também coordenador do 1° "Guia Prático de Condutas Sobre Higiene Íntima" da Febrasgo com apoio da Sanofi-aventis, o especialista adverte que, embora deva ocorrer diariamente, se não for feita de forma adequada, a limpeza da região íntima pode ser prejudicial.
Segundo o guia (disponível no site www.febrasgo.org.br), o processo não deve ultrapassar a 2 a 3 minutos. Em climas quentes como o de Fortaleza, o ideal é que ocorra de 1 a 3 vezes ao dia. "Higiene demais pode causar fissuras na pele, enquanto a falta de limpeza faz com que ocorra o acúmulo de células mortas e a consequente proliferação de bactérias. Estas não devem ser completamente exterminadas, mas ter sua população equilibrada", afirma o dr. Paulo César Giraldo.
Barreira protetora
A pele da região genital, assim como qualquer outra parte do corpo, serve de barreira para a entrada de microrganismos e, para isso, deve estar em boas condições, mantendo um pH ácido (em torno de 5,9). Por isso, jamais deve-se usar sabonetes neutros ou com pH básico ao se lavar.
Além do produto em si, outros fatores podem contribuir para o desequilíbrio do pH da genitália: ressecamento cutâneo (seja por doenças de pele, medicamentos, idade ou clima), oclusão, excesso ou falta de higiene e roupas com fibras sintéticas. As consequências podem ir desde a ocorrência de irritações, alergias, infecções, dano à barreira protetora da pele ou suscetibilidade a inflamações.
"Fazer a higiene íntima deve ser um hábito e não um tratamento. A mulher precisa realizá-la diariamente e não apenas após o ato sexual", adverte o dr. Giraldo que considera fundamental que a mulher conheça sua anatomia.
Banho íntimo
Durante o banho, a mulher não deve ter receio de tocar seu corpo. Com o sabonete adequado (hipoalergênico e de pH ácido) e água corrente, ela deve executar movimentos leves e circulares em todas as reentrâncias da vulva, limpando apenas a área externa e intermediária, e nunca a interna. Deve haver também o cuidado para que os resíduos da região anal não contaminem a genitália. A secagem é tão importante quanto a lavagem, pois a umidade pode contribuir para a proliferação de fungos e bactérias. O ideal é que seja feita com uma toalha limpa e macia e nunca com papel higiênico, que acaba deixando resíduos na região. Deve-se secar delicadamente cada reentrância genital e hidratá-la com produtos sem fragrância.
O dr. Paulo César explica que, em casos nos quais a mulher não pode fazer todo o procedimento por estar fora de casa, o uso de lenços umedecidos é uma boa opção, mas não deve ser um ato frequente. O uso de absorventes diários precisa ser cauteloso. As melhores opções são os isentos de perfumes e partes plásticas de forma a facilitar a ventilação.
No período menstrual, a mulher deve redobrar os cuidados, lavando-se e trocando os absorventes com frequência. No caso dos absorventes internos, deve lavar bem as mãos e a vulva para não levar bactérias para a área interna da genitália. É importante que dê preferência a roupas frescas e calcinhas de algodão, que devem ser bem limpas e secas, para que não se transformem em depósito de resíduos.
Sabonete Íntimo
Hipoalergênicos apropriados para a higiene íntima;
Líquidos e com pH ácido (entre 4,2 e 5,6), pois sabões em barra costumam ser alcalinos e mais suscetíveis à contaminação;
Pouco detergentes, produzindo pouca espuma a fim de limpar suavemente a pele sem remover sua camada protetora;
Sem substância antissépticas (triclosan e clorexidina) que matam os germes bons (naturais) da pele;
Recomendados pelo ginecologista, pois algumas mulheres de pele mais sensível não podem usar produtos químicos, mas apenas água.
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