Poesia

Não canto porque sonho.
Canto porque és real.
Canto o teu olhar maduro, teu sorriso puro, a tua graça animal.
Canto porque sou homem. 
Se não cantasse seria somente um bicho sadio embriagado na alegria da tua vinha sem vinho.
Canto porque o amor apetece. 
Porque o feno amadurece nos teus braços deslumbrados. 
Porque o meu corpo estremece por vê-los nus e suados.
Eugénio de Andrade



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