Tropicalismo

O movimento propunha uma nova postura moral e estética contra o pensamento da época.

Tem origem nos baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil com as músicas Alegria, Alegria e Domingo no Parque, no Festival de MPB da TV Record em 1967. Acompanhadas por guitarras elétricas (uma novidade), as canções causam polêmica em uma classe média universitária nacionalista, contrária às influências estrangeiras nas artes brasileiras. 

O disco Tropicália ou Panis et Circensis (1968), manifesto do movimento, vai da estética brega do tango-dramalhão Coração Materno.

Além da música (cujos maiores representantes foram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Torquato Neto, Os Mutantes, Tom Zé), manifesta - se nas artes plásticas (destaque para a figura de Hélio Oiticica), no cinema (o movimento sofreu influências e influenciou o “Cinema Novo” de Glauber Rocha), no pensamento de Luiz Carlos Maciel e no teatro (sobretudo nas peças anárquicas de José Celso Martinez). 

Os Tropicalistas criticam os valores estabelecidos através do jeito de se vestirem, pela incorporação de elementos estrangeiros e de elementos da cultura de raiz das diversas regiões do Brasil, misturando manifestações tradicionais brasileiras com inovações estéticas radicais. Critica também à esquerda intelectualizada, a não-aceitação de qualquer forma de censura, a sedução dos meios de comunicação de massa, o retrato da realidade urbana e industrial, a exploração do ser humano, tudo isso, todos esses elementos montado com uma colagem de fragmentos do dia-a-dia, eram, de fato, os princípios norteadores da arte tropicalista.

O Tropicalismo era visto por seus adversários como um movimento vago e sem comprometimento político, comum à época em que diversos artistas lançaram canções abertamente críticas à ditadura. De fato, os artistas tropicalistas fazem questão de ressaltar que não estavam interessados em promover através de suas músicas referências temáticas tradicionais à problemática político-ideológica, como feito até então pela canção de protesto: acreditavam que a experiência estética vale por si mesma e ela própria já é um instrumento social revolucionário. 

A esquerda tradicional considerava os tropicalistas reacionários, pela incorporação de elementos estrangeiros nas suas criações.

Mas, Caetano faz a critica, como na letra de “É Proibido Proibir”, onde questiona: 
·      - as restrições sexuais da família (“a mãe da virgem diz que não”);
·      - a manipulação das consciências pelo capitalismo de consumo (“e o anúncio da televisão”),
·      - a liberdade artística  (“e o maestro ergueu o dedo”);
·      - ao policiamento da classe dominante (“e além da porta há o porteiro”);
·      - e ele conclui: (“e eu digo não / e eu digo não ao não / e eu digo é proibido proibir”);
·      - e depois ele provoca: (“me dê um beijo meu amor”);
·      - convoca uma reação ao sistema quando evoca às manifestações estudantis na França (“eles estão nos esperando / os automóveis ardem em chamas”) e;
·      - propõe uma reformulação radical  de todos os valores estabelecidos (“derrubar as prateleiras / as estantes / as estatuas / as vidraças / loucas / livros”);
·      - nega a cultura burguesa (“derrubar...livros sim!”).
E isso com o inovador arranjo do maestro Rogério Duprat que mesclava vários elementos e o acompanhamento livre, alegre, solto e debochado de “Os Mutantes”. Assis Ribeiro

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