No auge da crise, em 2009, o Governo brasileiro abriu mão de receita pública, reduzindo ou zerando as alíquotas de IPI sobre a chamada linha branca: máquinas de lavar, geladeira e fogões. A Whirlpool, que controla as marcas Brastemp e Consul, foi uma das maiores beneficiárias do incremento de vendas que isso provocou, que chegou a 21%.
Agora, no [r]Estadão, leio que a mesma empresa está aumentando o preço entre 8 e 9% para as lojas, sob a justificativa de aumento no preço das matérias primas, ao longo de três anos.
“Reajustamos entre 8% e 9% os preços de diversas categorias de produtos da linha branca”, afirma José Drummond, presidente da Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul e que lidera o mercado de eletrodomésticos. Ele diz que esse é o primeiro aumento em dois anos e meio e que pressões de custos levaram a empresa a tomar essa decisão. “As empresas são privadas. Tenho de olhar os meus custos e as minhas receitas.”, diz a reportagem.
Quer dizer que os coitadinhos estão tendo prejuízo? Que coisa, não é?
Só que esqueceram de avisar isso aos seus contadores. A Whirpool teve um lucro de R$ 219,8 milhões nos primeiros três meses do ano. Ano passado, inteirinho, o lucro foi de R$ 620, 3 milhões. Ou seja, a empresa está lucrando mais agora, proporcionalmente, que no ano passado.
E não se alegue que isso é resultado de operações comerciais, porque a venda de subsidiárias da Embraco, uma das divisões da empresa, foi na verdade uma transferência para outra empresa do grupo, com sede em Luxemburgo. Como se sabe, com seus 500 mil habitantes, deve ser um grande mercado para geladeiras, fogões e lavadoras, não é?
Essa Whirlpool é uma empresa americana que, há mais de 10 anos, comprou e absorveu os fabricantes brasileiros, embora continue usando os seus nomes Brastemp e Consul.
É mais um grupo que pega a “onda” da inflação midiática e procura “se dar bem” à custa do consumidor.
Como diz o seu diretor, eles têm de “olhar os seus custos e suas receitas”. Olhar, sim, com olho grande. Depois, quando o Governo, em lugar de aliviar a carga fiscal, liberar a entrada de eletromésticos chineses, vêm chorar miséria e dizer que são “indústria brasileira”…
do Tijolaço
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