Os primeiros tempos de Dilma Rousseff na Presidência da República foram marcados pelo quase silêncio dela. Depois veio a pneumonia, mais grave do que oficialmente alardeado. E o silêncio continuou, agora pelas circunstâncias.
Portanto seria um erro creditar o estilo à circunstância. O primeiro veio antes, a segunda veio depois. Era estilo mesmo, ou estratégia.
Uma ideia que deu errado. Só isso.
Não lembro exatamente quando, mas em algum momento a política brasileira foi inoculada pelo mito gerencial. O mais capaz de
desempenhar a gerência seria automaticamente o melhor governante. O tocador de obras, o chefe temido e pronto a cobrar resultados.
Os cientistas que expliquem, mas na intuição aposto que a coisa tomou corpo em reação à emergência da política nos anos 80. Saíram os
generais, vieram os políticos e trouxeram com eles o melê da atividade.
Não poderia ser mesmo pacífico nesta nossa sociedade de viés autoritário. E apareceu então a demanda por menos política e mais
gerência, coerência, etc. Livrar-se dos políticos, ou pelo menos da “politicagem”. Seria o caminho.
Tudo alimentado pela frustração perene dos cidadãos diante do que o Estado lhes devolve em troca dos impostos.
Em 1986 a onda convergiu para a candidatura de Antônio Ermírio de Moraes ao governo de São Paulo. Era um passo simbólico que ficou
nisso. Por culpa de sua excelência, o eleitor. Que gentilmente recusou a receita.
De tempos em tempos a moda volta, e a então candidatura de Dilma Rousseff tinha algo, ou bastante, disso. Passados apenas alguns meses, nota-se que é preciso mudar. E já mudou.
O governante é antes de tudo um líder político. Capaz de conduzir e mediar. Melhor dizendo, de mediar para conduzir. Era o que Luiz Inácio Lula da Silva fazia com competência.
É para isso que o eleitor contrata o sujeito na urna. E o líder que nomeie um gerente. Ou mais de um.
As palavras ajudam bem a entender a equação. O chefe chefia, o presidente preside, o gerente gerencia.
Empresas, por exemplo, têm presidentes, executivos-chefe. Aos quais estão subordinados os diretores-gerentes. E os presidentes reportam-se aos acionistas, os donos.
O eleitor é o acionista, o governante eleito é o executivo-chefe e o primeiro escalão responde pela esfera gerencial. Os acionistas cobram
resultados do executivo-chefe, que precisa liderar os gerentes para atingir e superar as metas.
Mas precisa também, de tempos em tempos, convencer os acionistas de que está no caminho certo, de que vai entregar a mercadoria.
O que é liderar? Dizem os manuais que é também extrair o melhor de cada um na equipe, toureando as contradições para produzir a soma
ótima de vetores.
Como fazer isso em silêncio? Difícil.
Mais modernamente, as empresas até incorporaram coisas como “visão”, “missão”, inclusive para cada peça da engrenagem conseguir enxergar além do que lhe cabe fazer. Uma tentativa de desalienação.
O governo Dilma enfrenta certas turbulências, parte delas derivada de seu gigantismo. Como uma grande empresa sem concorrência, sem ameaças externas.
A vida é contraditória, e uma hora as contradições acabam se instalando no organismo governamental. Governos costumam neutralizar esse fluxo com o contrafluxo do combate ao inimigo externo. Mas nem sempre funciona.
O Código Florestal é a segunda empreitada de peso do governo Dilma no Congresso. A primeira foi o salário mínimo, quando o governo ganhou bem.
Talvez isso tenha levado o Planalto a uma leitura enviesada, talvez tenha concluído que a maioria política já era um dado da realidade,
que não precisaria mais liderar, bastaria mandar.
Agora é a hora do ajuste.
Há um debate, algo deformado pelo partidarismo, sobre as qualidades gerenciais de Dilma. Mas isso deixou de ser a única variável. Ou a mais importante.
A demanda agora é por capacidade de liderança. Se estiver faltando tempo, talvez seja o caso, como fez Lula, de Dilma nomear um gerente.
Blog do Alon
Portanto seria um erro creditar o estilo à circunstância. O primeiro veio antes, a segunda veio depois. Era estilo mesmo, ou estratégia.
Uma ideia que deu errado. Só isso.
Não lembro exatamente quando, mas em algum momento a política brasileira foi inoculada pelo mito gerencial. O mais capaz de
desempenhar a gerência seria automaticamente o melhor governante. O tocador de obras, o chefe temido e pronto a cobrar resultados.
Os cientistas que expliquem, mas na intuição aposto que a coisa tomou corpo em reação à emergência da política nos anos 80. Saíram os
generais, vieram os políticos e trouxeram com eles o melê da atividade.
Não poderia ser mesmo pacífico nesta nossa sociedade de viés autoritário. E apareceu então a demanda por menos política e mais
gerência, coerência, etc. Livrar-se dos políticos, ou pelo menos da “politicagem”. Seria o caminho.
Tudo alimentado pela frustração perene dos cidadãos diante do que o Estado lhes devolve em troca dos impostos.
Em 1986 a onda convergiu para a candidatura de Antônio Ermírio de Moraes ao governo de São Paulo. Era um passo simbólico que ficou
nisso. Por culpa de sua excelência, o eleitor. Que gentilmente recusou a receita.
De tempos em tempos a moda volta, e a então candidatura de Dilma Rousseff tinha algo, ou bastante, disso. Passados apenas alguns meses, nota-se que é preciso mudar. E já mudou.
O governante é antes de tudo um líder político. Capaz de conduzir e mediar. Melhor dizendo, de mediar para conduzir. Era o que Luiz Inácio Lula da Silva fazia com competência.
É para isso que o eleitor contrata o sujeito na urna. E o líder que nomeie um gerente. Ou mais de um.
As palavras ajudam bem a entender a equação. O chefe chefia, o presidente preside, o gerente gerencia.
Empresas, por exemplo, têm presidentes, executivos-chefe. Aos quais estão subordinados os diretores-gerentes. E os presidentes reportam-se aos acionistas, os donos.
O eleitor é o acionista, o governante eleito é o executivo-chefe e o primeiro escalão responde pela esfera gerencial. Os acionistas cobram
resultados do executivo-chefe, que precisa liderar os gerentes para atingir e superar as metas.
Mas precisa também, de tempos em tempos, convencer os acionistas de que está no caminho certo, de que vai entregar a mercadoria.
O que é liderar? Dizem os manuais que é também extrair o melhor de cada um na equipe, toureando as contradições para produzir a soma
ótima de vetores.
Como fazer isso em silêncio? Difícil.
Mais modernamente, as empresas até incorporaram coisas como “visão”, “missão”, inclusive para cada peça da engrenagem conseguir enxergar além do que lhe cabe fazer. Uma tentativa de desalienação.
O governo Dilma enfrenta certas turbulências, parte delas derivada de seu gigantismo. Como uma grande empresa sem concorrência, sem ameaças externas.
A vida é contraditória, e uma hora as contradições acabam se instalando no organismo governamental. Governos costumam neutralizar esse fluxo com o contrafluxo do combate ao inimigo externo. Mas nem sempre funciona.
O Código Florestal é a segunda empreitada de peso do governo Dilma no Congresso. A primeira foi o salário mínimo, quando o governo ganhou bem.
Talvez isso tenha levado o Planalto a uma leitura enviesada, talvez tenha concluído que a maioria política já era um dado da realidade,
que não precisaria mais liderar, bastaria mandar.
Agora é a hora do ajuste.
Há um debate, algo deformado pelo partidarismo, sobre as qualidades gerenciais de Dilma. Mas isso deixou de ser a única variável. Ou a mais importante.
A demanda agora é por capacidade de liderança. Se estiver faltando tempo, talvez seja o caso, como fez Lula, de Dilma nomear um gerente.
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