Boas de briga


Heroínas boazinhas e dóceis não dão mais ibope. Assim como a cumplicidade política não é mais trunfo exclusivo do mundo masculino. Portanto, ao escolher as petistas Gleisi Hoffmann (Paraná) e Ideli Salvatti (Santa Catarina) como suas fiéis escudeiras, Dilma Rousseff mostra-se em sintonia com um sentimento feminino atual e popular: mulheres unidas tornam-se mais poderosas.

Não sei de quem foi a estratégia, mas o efeito midiático acertou na mosca. Ao contrário do fogo amigo que derrubou o Palocci para atingir a presidente. Tiro este que parece ter saído pela culatra, fazendo com que, de repente, o Brasil virasse uma nação fantástica governada por um grupo de guerreiras. Com direito a rainha, princesa...

Gleise pode se tornar no imaginário de gente humilde a princesa-ministra da Casa Civil, no palácio da Dilma rainha-gestora.

Mas Gleise foi a escolhida por ser dona de competência e determinação; exercidas, por exemplo, quando diretora financeira da Itaipu Binacional. Tem 45 anos, é esposa do ministro das Comunicações Paulo Bernardo e mãe de um casal de filhos.

E Ideli? Os especialistas em política dizem que a ministra das Relações Institucionais não tem malícia nem flexibilidade para fazer acordos urdidos nos bastidores; para negociar com uma turma experiente e tradicionalmente patriarcal. Acham que lhe falta jogo de cintura para articulações mais sutis e delicadas.

Porém, e se ela surpreender? Se seu temperamento vigoroso se adequar ao novo papel de escudeira palaciana? E dessa luta íntima, temperamental, resultar uma relação mais estreita e amigável com os partidos? Ela já até telefonou para o vice-presidente marcando uma primeira conversa. Ideli tem 59 anos e está em seu terceiro casamento.

Diante dos acontecimentos, este governo continua imprevisível. O que pode ocorrer de bom no momento é a Dilma criar de fato sua própria equipe, com pessoas competentes e leais para tocar para frente seu projeto político. E que seja o de erradicar a pobreza extrema. Não apenas propaganda, nem obras inacabadas.

Cadê o engajamento? Um projeto de desenvolvimento social e econômico sustentável, com preservação do meio ambiente e sem miséria, só vai adiante se for apoiado realmente pela sociedade. Ou melhor, por uma sociedade educada.

A entropia é uma tragédia. Tomara que a presidente e suas fiéis escudeiras energizem afirmativamente este país. De verdade.

por Ateneia Feijó

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