Coluna Ecônomica

CPqD, do monopólio ao mercado


Criado no período da Telebrás estatal, o CPqD (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento) foi inaugurado com um feito notável. Convocou equipes da PUC-Rio, Unicamp e USP para compor seus quadros.

O Centro foi criado no papel em 31 de agosto de 1976.

Os técnicos da Poli (USP) chegaram com uma proposta de construção de uma central digital programada – tive a honra de ser o primeiro jornalista a noticiar esse feito, no longínquo ano de 1976.

A mera construção do equipamento – que viria a se chamar Trópico – derrubou os preços dos terminais telefônicos de US$ 1.000 para US$ 200, rompendo com o cartel formado pela Siemens, Ericsson e NEC.

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Com a privatização, a ideia era a de que o CPQD se tornasse o fornecedor preferencial de tecnologia para as novas operadoras.

A morte de Sérgio Motta e sua substituição pelo indecifrável Pimenta da Veiga abortou os planos. Mas não apenas isso

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Até então, a política industrial brasileira era fundamentalmente de substituição de importações, conta Walter Graciosa, atual presidente do CPqD.

Já no final dos anos 80 o país passava a trilhar o modelo da chamada "integração competitiva", de abertura para o mercado internacional, visando ganhar competitividade.

A CPqD acabou se fixando em algumas áreas em que conservou alguma proteção de mercado, como centrais de comutação e comunicações óticas, parando com outras, como sistemas de rádios.

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Em paralelo, passou a investir forte no casamento das telecomunicações com informática, desenvolvendo sistemas para suportar operações de telefonia.

Aí entrou o governo FHC, já com as sementes da privatização da telefonia.

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Teve início, então, um árduo trabalho para preparar a equipe da Telebrás para os novos tempos, não mais como empresa estatal mas como uma fundação privada, que deveria se virar por conta própria.

A missão da empresa passou a ser o foco na inovação e Pesquisa e Desenvolvimento visando o mercado, abandonando a tradição acadêmica da mera produção de "papers."

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A empresa passou a focar em quatro grandes temas: banda larga, cidades digitais (governo eletrônico), banco do futuro, e smartgrid (a chamada rede elétrica inteligente).

Por ser uma entidade sem fins lucrativos, os lucros devem ser reinvestidos. Assim, a fundação passou a investir em outras empresas, a quem transferiu sua tecnologia.

Hoje controla pequenas empresas em Israel, Estados Unidos e Angola.

Sua receita total anual é de R$ 230 milhões,, dos quais 23% proveniente de fundos de P&D e o restante de projetos com grandes empresas.

Tem 700 ensaios creditados no INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia), é o segundo maior gerador de patentes em centros de pesquisa não acadêmico, superado apenas pela Embapa.

Na época da privatização, o CPQDS tinha 800 pessoas, com idade média de 41 anos.

Hoje em dia, o CPQD tem 1300 pessoas trabalhando, 450 com pós-graduação, 500 com graduação e o restante com nível médio, e idade média de 37 anos.

Blog: www.luisnassif.com.br

E-mail: luisnassif@advivo.com.br




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