Greve dos professores municipais de Fortaleza

Professores afirmam não ter sido notificados da ilegalidade da greve e não vão voltar para sala de aula na segunda-feira
O descompasso entre professores municipais parados há quase dois meses e a Prefeitura de Fortaleza parece se acentuar a cada dia. Com a decretação da ilegalidade da greve, a gestão apresentou ontem duas propostas de calendário de reposição contando com a presença dos docentes nas salas de aula já na segunda-feira, dia 20. "A maioria das aulas nas escolas já voltou ao normal", afirmou a Secretária da Saúde e Educação, Ana Maria Fontenele.

Negando a assertiva da titular das pastas, a dirigente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute), Gardênia Baima, "bateu o pé", disse que não recebeu nenhuma notificação oficial do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) e que a categoria só vai "voltar a pisar na sala de aula quando tiver o piso nacional realmente pago", ressaltou.

Durante a manhã de ontem, professores realizaram assembleia em frente ao Ginásio Paulo Sarasate e decidiram, por unanimidade, manter a greve.

Veja assembleia que decidiu continuidade da paralisação




A professora Mônica Moura afirma que, depois das ameaças da gestão, ninguém recuou. Ela relata ainda que na escola em que trabalha, na Secretaria Executiva Regional (SER) III, a grande maioria está parada.

"Com esta multidão toda nas ruas se manifestando, como pode ter aula acontecendo? É impossível estar em dois locais ao mesmo tempo. A assembleia estava lotada, centenas de professores juntos exigindo cumprimento da lei do Piso. Não vamos desanimar nunca", relata.

Segundo o Sindiute, a categoria irá aguardar, até segunda-feira, a apresentação de propostas por parte da Prefeitura, conforme assim obrigou o TJCE nas prerrogativas legais do processo de dissídio coletivo em curso.

Conforme o desembargador Teodoro Silva, responsável pela decisão de ilegalidade, a categoria teria 48 horas - contadas a partir do momento em que a intimação for recebida pelo Sindiute ou publicada em edital - para dar fim à greve, incorrendo em multa diária de R$ 10 mil caso haja descumprimento.

Entretanto, segundo o Tribunal, nenhum dos dirigentes sindicais foi localizado ontem, nem na sede do Sindicato e nem na Central Única dos Trabalhadores (CUT). A secretária geral da entidade, Ana Cristina Guilherme, não estaria em Fortaleza, mas sim em Brasília, participando de congresso nacional, segundo informou Baima.

Estado
O clima ficou tenso ontem, durante a assembleia geral dos professores da rede estadual de ensino, realizada também no Ginásio Paulo Sarasate. Após mais de três horas de debate, quando finalmente a mesa encaminhou as votações, por pressão dos presentes que já estavam impacientes, os ânimos se exaltaram.

Enquanto um grupo defendia que fosse deflagrada a greve, o Sindicato dos Professores do Estado (Apeoc) apostava na negociação, por não considerar o momento oportuno para paralisar as atividades.

Após um princípio de confusão, a categoria deliberou pelo indicativo de greve para o segundo semestre, a ser ratificada em nova assembleia geral, que será realizada no dia 30 de junho, às 8h, no Ginásio Paulo Sarasate.

O Governo do Estado se comprometeu a apresentar, até o dia 29 próximo, uma proposta global para a categoria, incluindo a implantação do piso e a readequação do plano de carreira. A categoria reivindica piso salarial de R$ 1.597,00 e avisa que o valor mínimo do piso não os contempla.

IVNA GIRÃO E LUANA LIMA