MUDAR DE IMAGEM SERÁ FATAL À PRESIDENTE DILMA

por Carlos Chagas
Uma das grandes diferenças entre Lula e Dilma é de que o ex-presidente expunha seus sentimentos à vista de todos. No palácio do Planalto, sabia-se em cinco minutos se o chefe estava feliz, irritado ou desligado. Com a sucessora, mesmo os que freqüentam seu  gabinete várias vezes por dia ficam na dúvida. A presidente é uma esfinge,  não raro  explosiva, mas sem deixar transparecer o que vai no seu íntimo.

Mesmo assim, se fosse dado a uma alma penada qualquer esconder-se atrás de uma poltrona, na sala de despachos de Dilma, concluiria ter sido esta  a semana de maior perplexidade para a presidente. Afinal, ela fez a lição de casa, até atropelando parte de suas características. Recebeu senadores em almoço, mais de uma vez. Ouviu atentamente reivindicações fisiológicas de dirigentes partidários, muitos  de seus companheiros do PT, abriu o palácio da Alvorada para interlocutores diversos, disparou telefonemas e tentou demonstrar que seu governo vive uma nova fase.

Apesar disso, foi triste a resposta de sua base de apoio parlamentar. PMDB, PT e penduricalhos deram a ela prazo  de quinze dias para iniciar a temporada de nomeações e liberação de verbas individuais ao orçamento. Pouco adiantaram os esforços da nova ministra da Coordenação Política, Ideli Salvatti, toda sorrisos e beijinhos com os políticos, ao contrário de seu estilo quando senadora. Nada mais, nada menos, produziram um ultimato.

Pelo jeito, só restará a Dilma Rousseff queimar as caravelas e lançar-se na conquista do Congresso como os espanhóis fizeram no Novo Mundo. Ninguém se iluda se isso começar a acontecer na próxima semana. Azar dos Maias do PMDB  e dos Astecas do PT, infensos a colaborar com os conquistadores. Ou serão as conquistadoras?