A saída de Antonio Palocci, anunciada numa nota lacônica na tarde de ontem, já era esperada. A sua permanência no mais alto posto do governo, apesar da decisão do procurador-geral que o inocentou, era insustentável. A cada dia no Palácio Planalto, ele ajudava a “sangrar” a gestão de Dilma Rousseff que não completou nem seis meses de mandato.
O ex-ministro deve explicações à sociedade sobre o seu rápido enriquecimento – como “consultor de empresas”, ele elevou o seu patrimônio em 20 vezes em apenas quatro anos. Até agora, não há qualquer prova de atos ilícitos, mas ficou a mácula de uma postura imoral. Nem a presidenta sabia dos seus “negócios”, afirmou Palocci na TV Globo.
O falso moralismo udenista
As denúncias contra o ex-ministro ocuparam as manchetes da imprensa por quase um mês, deixando na defensiva o governo. A mesma mídia, tão seletiva na hora de investigar o enriquecimento de ex-ministros de FHC ou de agiotas financeiros (vide Daniel Dantas), pautou a agenda política, ofuscando e paralisando as ações governamentais.
Da parte dos chefões da oposição demotucana e da sua mídia – mais sujos do que pau de galinheiro –, nunca houve qualquer compromisso com a ética na gestão pública. Ao bombardear o ex-ministro, eles visaram unicamente atingir a presidenta Dilma Rousseff. Sem programa e sem discurso, eles voltaram a apelar para o falso moralismo udenista.
Oposição frita “homem de confiança”
A violenta pressão inviabilizou a permanência de Palocci. Na prática, ele sempre foi vulnerável e a sua escolha como ministro todo-poderoso foi algo temerário. Insistir em mantê-lo só causaria mais prejuízos, paralisando e sangrando o governo. Agora, a oposição demotucana e sua mídia comemoram a sua queda. Mas a vida é cheia de contradições.
Palocci sempre foi o homem de confiança do deus-mercado e dos barões da mídia. Pouco antes das eleições, a revista Veja o elegeu como “fiador” do governo Dilma. Durante cinco meses, estabeleceu-se uma “lua de mel” entre a mídia e a presidenta. Mas o “namorico”, como ironizou Lula, durou pouco. O “fiador” virou a peça de desestabilização do governo. A oposição de direita e midiática preferiu fritar o seu homem de confiança no Palácio do Planalto.
Ironias da história
Numa ironia da história, porém, a crise gerada pelo ex-ministro pode se transformar em novas oportunidades. Sem Palocci, um político pragmático, centralizador e adepto da ortodoxia neoliberal, o governo Dilma pode se soltar mais e ter mais ousadia. O episódio mostrou que não dá para ter ilusões com direita demotucana e com sua mídia.
por Altamiro Borges, no seu blog
Nenhum comentário:
Postar um comentário