O pano ainda não caiu

Estava tudo acertado, claro que nos bastidores, para Antonio Palocci dispor de uma saída honrosa. Seria, por mais incrível que pareça, que o Procurador Geral da República decidisse abrir no Supremo Tribunal Federal uma investigação a respeito do enriquecimento súbito do chefe da Casa Civil. Seria a oportunidade para Palocci pedir o seu afastamento, enquanto durasse a investigação, quer dizer, até a eternidade, e afastar-se do governo e da crise. O problema é que o Procurador não encontrou argumentação jurídica para incriminar Palocci. Assim, o ministro ficou sem a saída honrosa que seria o seu afastamento em respeito à Justiça. Mas a pressão contra ele já estava insustentável, vindo dos partidos da base do governo, da opinião pública e da opinião publicada.

Pelo jeito, até a presidente Dilma havia chegado a essa conclusão, apesar da opinião contrária do ex-presidente Lula, que sustentava a permanência de Palocci.

Assim, o próprio chefe da Casa Civil decidiu poupar-se e poupar o governo Dilma. Apresentou carta de demissão. O nome da senadora Gleise Hofmman, do PT do Paraná, foi anunciado para ocupar a Casa Civil, numa surpresa sem par. O que teria levado a presidente da República a deixar o país inteiro sem pai nem mãe? Marcar posição e dizer que quem manda é ela? Demonstrar uma nova fase do governo, mais centralizada em suas opções e decisões e sem ligar para as pressões partidárias por nomeações?

A verdade é que ninguém conhece e perfil político da senadora. Pertence ao PT e foi a primeira das companheiras a propor a defenestração de Palocci? Teria sido por isso sua designação?

Há mais dúvidas do que certezas nessa novela ainda inconclusa, mas a verdade é que Dilma deu um susto no país, na sua base parlamentar, no PMDB, no PT e no próprio Lula. O pano não caiu. A assistência é que foi para o intervalo tomar café...
por Carlos Chagas

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