Ainda acho que a ode à maconha é um elemento compensatório da alienação do interesse do sistema
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Em certas "novidades" me considero conservador. Pode ser que isso me custe algumas incompreensões, paciência. É o caso das drogas. Não há quem me convença a aceitar a tolerância do consumo, descarregando eventualmente sobre os vendedores as penas da lei.
Até tento entender a compreensão do STF quando insere as manifestações pela liberação da maconha no âmbito da liberdade de expressão. Só não vejo coerência. Daqui para frente qualquer um pode apregoar as virtudes da droga. Mas a liberdade de expressão continua sob tutela. Ou não?
Há alguns anos, vi o escritor Siegfried Ellwanger condenado por racismo e enquadrado no art. 5º, inciso XLII da Constituição Federal por suas opiniões contrárias aos judeus.
No julgamento de um pedido de habeas corpus para ele no Supremo, o ministro Gilmar Mendes afirmou que a liberdade de expressão não é absoluta - "deve ser exercida de modo compatível com o direito à imagem, à honra e à vida privada e a ela não se pode atribuir primazia em face de outros valores como o da igualdade e da dignidade humana".
FHC disse o que disse e ninguém chiou
Coerência também é o que falta à mídia e à sociedade. Ninguém se indignou quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, presidente da Comissão Global de Política Sobre Drogas, assumiu a defesa da descriminalização da maconha e ainda fez uma mea culpa por não ter pensado assim quando na Presidência: "na época, eu não tinha informação e o tema não estava candente na sociedade".
Fala sério. Se esse fosse discurso do Brizola ou do próprio Lula, os jornais da grande imprensa estariam pedindo a cabeça de ambos. Brizola, aliás, chegou a ser apresentado como aliado dos traficantes, por conta de sua decisão de exigir respeito às famílias pobres dos morros - isto é, o mesmo tratament o dado aos bacanas do asfalto.
No caso do príncipe FHC seu posicionamento aparece como uma contribuição ao regime de plena liberdade. Foi sua manifestação que balizou os argumentos dos defensores das passeatas da maconha: se o ex-presidente está empenhado numa cruzada liberalizante os ativistas dessa causa não podem ser penalizados, arguiu a vice-procuradora da República, Deborah Duprat, no histórico julgamento em que o STF unânime considerou a defesa da droga como forma de livre expressão do pensamento.
Coerência mesmo, nessa linha de pensamento, seria legalizar o consumo de todas as drogas e autorizar a abertura do comércio de tais produtose seu plantio "ecológico", às semelhança dos EUA onbde cultivo já é permitido legalmente em 13 Estados, inclusive a Califórnia, o maior deles.
Não me interprete mal. Porque continuo acreditando que só existe venda de qualquer produto quando existe mercado. Exemplo: a geração do meu pai - que morreu em 1950 - usa va chapéu. A Ramezoni pontificava. Como quase ninguém usa mais chapéu, a antiga fábrica e suas concorrentes fecharam as portas.
A influência dos filhinhos de papai
Entendeu a comparação? Proteger os consumidores é a alma do negócio. Sair fuzilando traficantes no morro é fácil. Quem irá defendê-los?
A mudança de ótica, isto é, a assimilação da idéia de que os consumidores são vítimas, resulta da proliferação da droga entre filhinhos de papai. Uma certa vez, o delegado Hélio luz, na condição de chefe de polícia, escandalizou o Rio ao afirmar que nas festas de Ipanema a droga rolava solta.
Sua constatação continha o exagero da retórica, mas não era novidade. Hoje, o sistema de vendas nas áreas de maior poder aquisitivo não difere das pizzarias e outros ramos que se valem do "delivery".
Da mesma forma que cresce a clientela nos grandes condomínios da Barra da Tijuca e Zona Sul do Rio, ou nos bur gos luxuosos de São Paulo, ou no Plano Piloto de Brasília, todo mundo sabe que nesses bairros que vivem os magnatas do tráfico. O morro mesmo, com algumas exceções, é um mero entreposto que usa jovens sem horizontes e sem atenção dos poderes públicos, aos quais se serve a pior escola e uma nítida rejeição social.
Alienação compensatória
Ainda acho que as drogas ganharam força no processo de alienação programada da juventude, em todo mundo ocidental. É a compensação que o sistema oferece àqueles que poderiam estar engajados em confrontos sociais, catalogados agora como jurássicos.
Muitos dos meus parceiros de passeatas de 68 e alguns dos companheiros de cárcere voltaram à luz do dia com o rabo entre as pernas, traumatizados com a repressão daqueles idos. E partiram para algumas variáveis que os mantêm "diferentes" e na vanguarda, em sintonia com uma meninada grosseiramente ludibriada por um sistema educacio nal impregnado de falácias insustentáveis, tão hipócrita que transformou a frequência às aulas numa medíocre caça aos diplomas.
Já disse aqui mesmo que essa ode à maconha e similares "leves" é elemento chave para a imobilização política da juventude. Ela faz parte de um coquetel de alienantes de efeito fenomenal, que inclui outros condimentos, como a disseminação desenfreada de filmes estrangeiros de violência, de gêneros musicais ensurdecedores e a busca individualizada do sucesso, fator de desesperadas guerras interpessoais.
O ex-presidente Fernando Henrique não se juntou à cruzada pela liberalização da maconha à toa. Ele está à frente de algumas entidades voltadas para a preservação do sistema de dominação imperialista, como o "Diálogo Interamericano", a super-ong criada em 1982 pelo banqueiro David Rockefeller, especialista na formação de líderes civis leias a à hegemonia norte-americana.
Já que está tão empenhado na liberação da maconha, não s eria ofensivo oferecer-lhe um "baseado" para festejar seus 80 anos. Porque se fosse o Brizola o bicho pegava.
Até tento entender a compreensão do STF quando insere as manifestações pela liberação da maconha no âmbito da liberdade de expressão. Só não vejo coerência. Daqui para frente qualquer um pode apregoar as virtudes da droga. Mas a liberdade de expressão continua sob tutela. Ou não?
Há alguns anos, vi o escritor Siegfried Ellwanger condenado por racismo e enquadrado no art. 5º, inciso XLII da Constituição Federal por suas opiniões contrárias aos judeus.
No julgamento de um pedido de habeas corpus para ele no Supremo, o ministro Gilmar Mendes afirmou que a liberdade de expressão não é absoluta - "deve ser exercida de modo compatível com o direito à imagem, à honra e à vida privada e a ela não se pode atribuir primazia em face de outros valores como o da igualdade e da dignidade humana".
FHC disse o que disse e ninguém chiou
Coerência também é o que falta à mídia e à sociedade. Ninguém se indignou quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, presidente da Comissão Global de Política Sobre Drogas, assumiu a defesa da descriminalização da maconha e ainda fez uma mea culpa por não ter pensado assim quando na Presidência: "na época, eu não tinha informação e o tema não estava candente na sociedade".
Fala sério. Se esse fosse discurso do Brizola ou do próprio Lula, os jornais da grande imprensa estariam pedindo a cabeça de ambos. Brizola, aliás, chegou a ser apresentado como aliado dos traficantes, por conta de sua decisão de exigir respeito às famílias pobres dos morros - isto é, o mesmo tratament o dado aos bacanas do asfalto.
No caso do príncipe FHC seu posicionamento aparece como uma contribuição ao regime de plena liberdade. Foi sua manifestação que balizou os argumentos dos defensores das passeatas da maconha: se o ex-presidente está empenhado numa cruzada liberalizante os ativistas dessa causa não podem ser penalizados, arguiu a vice-procuradora da República, Deborah Duprat, no histórico julgamento em que o STF unânime considerou a defesa da droga como forma de livre expressão do pensamento.
Coerência mesmo, nessa linha de pensamento, seria legalizar o consumo de todas as drogas e autorizar a abertura do comércio de tais produtose seu plantio "ecológico", às semelhança dos EUA onbde cultivo já é permitido legalmente em 13 Estados, inclusive a Califórnia, o maior deles.
Não me interprete mal. Porque continuo acreditando que só existe venda de qualquer produto quando existe mercado. Exemplo: a geração do meu pai - que morreu em 1950 - usa va chapéu. A Ramezoni pontificava. Como quase ninguém usa mais chapéu, a antiga fábrica e suas concorrentes fecharam as portas.
A influência dos filhinhos de papai
Entendeu a comparação? Proteger os consumidores é a alma do negócio. Sair fuzilando traficantes no morro é fácil. Quem irá defendê-los?
A mudança de ótica, isto é, a assimilação da idéia de que os consumidores são vítimas, resulta da proliferação da droga entre filhinhos de papai. Uma certa vez, o delegado Hélio luz, na condição de chefe de polícia, escandalizou o Rio ao afirmar que nas festas de Ipanema a droga rolava solta.
Sua constatação continha o exagero da retórica, mas não era novidade. Hoje, o sistema de vendas nas áreas de maior poder aquisitivo não difere das pizzarias e outros ramos que se valem do "delivery".
Da mesma forma que cresce a clientela nos grandes condomínios da Barra da Tijuca e Zona Sul do Rio, ou nos bur gos luxuosos de São Paulo, ou no Plano Piloto de Brasília, todo mundo sabe que nesses bairros que vivem os magnatas do tráfico. O morro mesmo, com algumas exceções, é um mero entreposto que usa jovens sem horizontes e sem atenção dos poderes públicos, aos quais se serve a pior escola e uma nítida rejeição social.
Alienação compensatória
Ainda acho que as drogas ganharam força no processo de alienação programada da juventude, em todo mundo ocidental. É a compensação que o sistema oferece àqueles que poderiam estar engajados em confrontos sociais, catalogados agora como jurássicos.
Muitos dos meus parceiros de passeatas de 68 e alguns dos companheiros de cárcere voltaram à luz do dia com o rabo entre as pernas, traumatizados com a repressão daqueles idos. E partiram para algumas variáveis que os mantêm "diferentes" e na vanguarda, em sintonia com uma meninada grosseiramente ludibriada por um sistema educacio nal impregnado de falácias insustentáveis, tão hipócrita que transformou a frequência às aulas numa medíocre caça aos diplomas.
Já disse aqui mesmo que essa ode à maconha e similares "leves" é elemento chave para a imobilização política da juventude. Ela faz parte de um coquetel de alienantes de efeito fenomenal, que inclui outros condimentos, como a disseminação desenfreada de filmes estrangeiros de violência, de gêneros musicais ensurdecedores e a busca individualizada do sucesso, fator de desesperadas guerras interpessoais.
O ex-presidente Fernando Henrique não se juntou à cruzada pela liberalização da maconha à toa. Ele está à frente de algumas entidades voltadas para a preservação do sistema de dominação imperialista, como o "Diálogo Interamericano", a super-ong criada em 1982 pelo banqueiro David Rockefeller, especialista na formação de líderes civis leias a à hegemonia norte-americana.
Já que está tão empenhado na liberação da maconha, não s eria ofensivo oferecer-lhe um "baseado" para festejar seus 80 anos. Porque se fosse o Brizola o bicho pegava.
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