As espectativas do "mercado"

Num artigo [abaixo] escrito pelo jornalista Luis Nassif ele explica como são criados as expectativas do "mercado". Mas, concordo mesmo é com a explicação da velhinha Briguilina, que vai direto ao ponto e afirma: " São os agiotas nacionais e internacionais com o apoio incondicional do Pig que criam o ambiente para exigir mais juros. O mais é conversa para boi dormir"...

  Em O Globo de ontem, o colunista Merval Pereira reproduz análises do economista Fábio Giambiagi sobre o Banco Central e a inflação.

Na análise, Gimabiagi anota que pioraram as expectativas do "mercado" em relação à inflação. Tudo por culpa do BC que decidiu voltar ao centro da meta apenas em 2012.

Como se recorda, no sistema de "metas de inflação" define-se uma meta anual – atualmente em 4,5% -, mais dois pontos de margem de segurança para comportar choques de preços imprevistos.

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Desde os estudos pioneiros da Ignácio Rangel sobre a inflação brasileira, em 1963, sabe-se que há uma disfunção no uso exclusivo da política monetária para conter preços.

Ocorre um problema qualquer – digamos, uma quebra na safra agrícola abrindo espaço para especulação com alimentos.

A inflação aumenta – puxada exclusivamente pelos alimentos (até então, não havia correção monetária e inflação inercial na economia). Contem-se o crédito, aumentam-se os juros, cai o consumo e o preço, mas não daqueles bens que puxaram a alta, especialmente se for alimentos.

Como alimento é o último item a ser cortado do orçamento, aumenta o peso nas contas domésticas e os consumidores cortam a compra de outros bens – que estão longe de pressionar a inflação.

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No caso das "metas inflacionárias", os teóricos definiram a margem de manobra por uma razão simples. Tome-se a explosão internacional dos preços das commodities no final do ano passado. Acabou influenciando os preços internos levando a inflação anual para perto do teto da meta.

Trazer a inflação para o centro da meta em apenas um ano significaria impor um arrocho formidável à economia, com toda dose de sacrifícios implícita. Justamente por isso, gestores responsáveis definem prazos maiores para proceder ao ajuste.

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Mais que isso. Com exceção de serviços – que passa por mudanças estruturais, devido ao aumento da classe C -, não há pressão sobre nenhum outro preço da economia. Os últimos indicadores, inclusive, têm mostrado deflação – isto é, queda nos preços.

Além disso, não existe modelo econométrico capaz de analisar desdobramentos de inflação em 24 meses a ponto de mostrar aumento nas expectativas na segunda casa depois da vírgula.

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Então qual a razão da tal "deterioração" das estatísticas? Simples: um método insuficiente de medição de expectativas, a pesquisa Focus. O Banco Central toma o pulso exclusivo do mercado – que é um observador interessado no jogo, porque quanto maior a expectativa, maior probabilidade de aumento nas taxas de juros.

Além de ser um universo restrito, essa comunidade é influenciada por meia dúzia de "gurus", que alinham as expectativas na direção que querem. Durante certo período, até o ex-Ministro Maílson da Nóbrega opinava sobre inflação.

Fica um jogo de cartas marcadas, no qual as "expectativas" obedecem muito mais a uma concatenação do que a uma média de opiniões isentas.

Depois, basta um certo tipo de jornalismo econômico caprichando nas manchetes, tratando com estardalhaço pequenas mudanças de expectativas.

 


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