O Brasil que não para

A situação da economia brasileira certamente não é a ideal, mas é muito melhor do que supõem os pessimistas de plantão, muitos deles a viver do substancial patrocínio de parte do sistema financeiro.

À semelhança dos primeiros meses do governo Lula, a presidenta Dilma precisou enfrentar as pressões de luminares do mercado financeiro que exigiam a radicalização das políticas fiscal e monetária para não perder o objetivo da meta inflacionária, mesmo que isso levasse a uma redução do crescimento econômico. Ela reagiu a essas pressões, deixando claro que o objetivo principal continuava a ser o crescimento, utilizando-se da comunicação de forma correta e convincente, da mesma forma que o fizeram seus principais auxiliares na área econômica, o presidente do Banco Central e o ministro da Fazenda.

Neste caso, o governo não apenas adotou as medidas prudenciais adequadas como usou os meios de divulgação para convencer os agentes que o alongamento de mais um ano, no objetivo de voltar à meta, dará maior segurança à política de controle da inflação. A importância disso reside no fato de que as expectativas que a sociedade forma em torno das políticas do Estado são fundamentais para se chegar ao resultado perseguido. A tentativa de um endurecimento monetário e fiscal, provavelmente, quebraria a confiança de trabalhadores e empresários no processo de crescimento, os primeiros reduzindo o consumo e os empresários, os investimentos.

Certamente a recusa em embarcar nessa “canoa furada” evitou um desastre de grandes proporções econômicas, gravíssimas tensões sociais e tremendas consequências políticas. Guardadas a devida distância e as diferenças abissais de comportamento dos governos nesses últimos cinco a dez anos “gloriosos” de desregulação (melhor dito, desregramento do capital), basta observar as prévias de violência nas reações de gregos, troianos e outros súditos do euro para entender do que nos livramos.

Infelizmente, o setor onde o governo está curiosamente omisso é na informação pública sobre o andamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cujas realizações, acredita-se, estariam destinadas a ser uma espécie de locomotiva da comunicação no governo Dilma. Não se trata de promover os investimentos do governo federal (que, enfim, não são tantos ou não se realizam nos prazos anunciados) nas áreas da infraestrutura de transportes ou de energia basicamente. O mínimo de atenção que se deve dar ao contribuinte é mostrar onde estão sendo gastos os seus impostos.

Há centenas de parcerias público-privadas (pequenas, médias e grandes) aonde o dinheiro da arrecadação vai sendo aplicado de forma produtiva e isso é ignorado pelos brasileiros, que, quando tomam conhecimento de alguma obra, é porque houve algum desvio de finalidade, algumas somente apenas tentativas ou a interrupção por causa de erros de programação ou retardo de liberação das verbas. E há os empreendimentos de grande porte que as pessoas gostariam de acompanhar, mas que são solenemente ignorados pelos meios de comunicação.

Um exemplo disso foi a divulgação extremamente modesta do– desvio do curso do Rio Madeira, onde se constrói a hidrelétrica de Santo Antônio, uma obra de grande envergadura e de fundamental importância para o desenvolvimento da Amazônia e, portanto, para o crescimento da economia brasileira. Apesar de contar com a presença da presidenta Dilma, numa demonstração da importância do empreendimento e de sua disposição de promover o aumento da oferta de energia, a divulgação foi apenas rotineira, perdendo-se a oportunidade de satisfazer o interesse dos brasileiros de todas- as demais regiões sobre o que se realiza neste imenso território nacional para acelerar o desenvolvimento.

Não se satisfaz a curiosidade- dos mais jovens que hoje demonstram um enorme apetite para conhecer melhor as regiões- brasileiras e que dispõem de acesso crescente e praticamente imediato à informação “em tempo real”, por seus telefones celulares, notebooks e dos mais modernos iPads, um meio de comunicação cuja propriedade se tornou um objeto de desejo dos mais cobiçados e que, apesar dos preços ainda fora do alcance da maioria, estão tendo o consumo aumentado de forma vertiginosa.

Com os abundantes recursos (materiais e humanos) disponíveis para a comunicação governamental, é quase inconcebível que sejam desperdiçadas tantas oportunidades para a divulgação de obras que efetivamente contribuem de forma marcante para o desenvolvimento brasileiro.

por Delfim Netto

Um comentário:

  1. Eduardo Raio X24 julho, 2011

    Ai esta o gargalo no governo da presidenta Dilma comunicação veloz e precisa. Já passou da hora da presidenta arrumar esse setor vital para a aproximação com o povo. faça as chamadas por rádio, televisão, cinema e internet principalmente. Explique cada detalhe dos programas. E por favor ponha gente confiável para administrar e gerenciar a comunicação chega de manés! Eu não gosto do exemplo,porém, vamos a ele lembra quanto os militares estava no poder, eles faziam alarde de seus feitos e com bastante competência. É apenas uma ideia.

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