[...] Militares que eventualmente tenham manifestado contrariedade – nas matérias do Estadão – não têm a menor ideia sobre a importância desse movimento.
Dado o avançado da hora que Amorim foi anunciado novo Ministro, é impossível que jornalistas – mesmo setoristas – tenham ouvido um número representativo de militares. Ouviram aqueles com quem tinham maior afinidade política.
A reestruturação da Defesa passou por uma primeira etapa, de conceituação do seu papel. O grande organizador foi Roberto Mangabeira Unger; e a implementação tocada por Nelson Jobim.
Faltava à Defesa consolidar sua perna externa. E uma dessas pernas centrais são os grandes acordos internacionais. No seu período de chanceler, a estratégia diplomática de Amorim se baseou, em muitos momentos relevantes, na visão estratégica de Defesa. A razão de ter apoiado o Irã foi a de preservar, para o Brasil, o direito de enriquecer urânio.
Hoje em dia, a transferência de tecnologia militar depende não apenas de compras da França, mas de acordos com China (para satélites), Argentina, países de fora da órbita da OCDE.
No período de Amorim-Guimarães a política externa do Itamarati sempre se pautou pelos conceitos de Nação, autodeterminação, não-alinhamento, todos muito caros aos militares. As relações acumuladas por Amorim com países das mais diversas extrações políticas serão preciosas para a consolidação de uma política integrada de Defesa.
Não tenho a menor dúvida de que e elite militar - aquela que pensa estrategicamente o papel da Defesa - viu com bons olhos essa indicação.
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