Pig faz pressão para BC não baixar juros

 
ImageNo último dos dois dias da reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC) - realizada, em média, a cada 45 dias - o jornal O Estado de S.Paulo vem a campo, hoje, com seu principal editorial "BC sob pressão Política" na linha do "independência ou morte": proclama claramente que se houver redução da taxa Selic de juros pairá sobre o país a ameaça de repique da inflação.

Para o jornalão paulista, se o BC, "sob forte pressão política", baixar os juros no início da noite de hoje (quando termina a reunião do COPOM), estará afrouxando a política anti-inflacionária e, por tabela, não mais estará empenhado em conduzir a inflação ao centro da meta de 4,5% até o fim de 2012. Ou seja, não deixa nem a alternativa de o Comitê reduzir minimamente a Selic.

Algumas considerações devem ser feitas aqui. Primeiro: quem está na contramão nessa história é o Estadão, porque à exceção dele (no que é acompanhado por uma parte da mídia), nas últimas semanas generalizou-se o consenso quanto à necessidade de redução dos juros - fundamental diante do agravamento da crise internacional e possível ante as medidas econômicas adotadas pelo governo nos últimos meses.

Pressão contra a redução vem de uma parte da mídia e do mercado


Segundo: nesse quadro, a pressão para manter o Brasil com as mais altas taxas de juros do mundo vem  de quem? Só de uma parte do mercado. Ela é apoiada exatamente por seus mais ostensivos porta-vozes, o Estadão e essa parcela da mídia que o acompanha.

Das duas uma: ou o Estadão vive em outro mundo, ou faz oposição por oposição. Ou, ainda pior, uma terceira alternativa: a faz por razões ideológicas.

Para os de sempre, Estadão incluído, é importante cortar gastos e continuar a elevar os juros. E a inflação tem que ser de 4,5%, só o centro da meta - nem sequer falam ou consideram a banda de 2,0% para cima ou para baixo.

Na Europa, o arrocho anulou todo o esforço fiscal


Nem que para isso o país pare, caia na recessão, no desemprego e no conflito social generalizado, como estamos vendo na Europa, num efeito dominó no qual - semana sim e na outra também - engrossa a lista de países em dificuldades, sem saída devido às soluções e aos pacotes ortodoxos que lhes obrigam a adotar.

Não há saídas para o Brasil fora do crescimento econômico do PIB acima de 4% ao ano, como demonstra a experiência europeia. Lá o arrocho anulou todo esforço o fiscal e levou os países ao impasse econômico e social, ao risco de default, a mais recessão, à queda da arrecadação e a juros mais altos pelo aumento do risco.

Só o Estadão, a parte do mercado que o "alimenta" e o restante da mídia que vai no mesmo tom não percebem isso. Ou, se percebem - e percebem - escamoteiam e se entrincheiram em suas posições conservadoras. Ou será que querem para o Brasil exatamente o que não deu certo na Europa?


Um comentário:

  1. José Dirceu ou é burro ou é mal intencionado. Como não acredito na burrice de José Dirceu, pelo contrário acho que ele é muito esperto no sentido negativo resta a segunda opção.

    Quem define se os juros sobem ou não é o governo e não a Imprensa Livre e Democrática do Brasil

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