Uma saída
Fora os falsários, só americanos podem imprimir dólar. E o dólar, apesar de combalido, ainda é a moeda padrão do mundo. É por isso que letras do tesouro americano são os títulos preferidos de investidores internacionais. E é por isso que os mais nervosos com a possibilidade de os Estados Unidos darem um balão na praça, inclusive não honrando suas letras do tesouro, não eram os americanos. Eram os chineses, seus maiores credores.
Pode-se até imaginar uma reunião de emergência do comitê central do partido comunista chinês para discutir a crise americana.
— Mas que capitalismo de araque é esse?
(Nota: a palavra usada não foi "araque".)
— Em que mundo vivemos, se não se pode mais confiar nem no tesouro americano?!
— Foi para isso que fizemos a Longa Marcha com Mão, sacrificamos milhões de chineses, industrializamos o país na marra, invadimos as lojas 1,90 do mundo com os nossos produtos? Para botar nosso dinheiro na mão de irresponsáveis?
— Há uma real possibilidade de nos darem um calote, se não se entenderem. Será nossa ruína. Onde estão a ética nos negócios e a moral cristã quando precisamos dela?
— Temos que nos defender.
— Há uma saída.
— Qual?
— Executamos a divida. Eles não têm como pagar, portanto não têm como recusar nossa oferta.
— Você quer dizer...
— Sim. Compramos os Estados Unidos.
— Hmm. Pode dar certo.
— Substituímos o moreno por um presidente permanente e um comitê central. Acabamos com essa frescura de dois partidos, responsáveis pela lambança atual, e instalamos um partido único com plenos poderes. E damos um jeito na economia deles. Não somos o maior exemplo de economia de mercado bem-sucedida no mundo, hoje? Vamos mostrar a esses americanos como se faz capitalismo de verdade.
— Grande. E teremos outra vantagem, comprando os Estados Unidos.
— Sei o que você vai dizer. A Julia Roberts será nossa.
— Melhor do que isso.
— O que?
— Vamos poder imprimir dólar!
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