A reação da presidente Dilma Rousseff às crises no ministério segue uma lógica. Quando o chão embaixo do ministro vira areia movediça o alvo é retirado de cena e substituído por alguém da cota presidencial.
É um processo sistólico de reconcentração de poder. Talvez necessário após a longa diástole do antecessor, premido a redistribuir quando o governo dele viu o branco do olho do adversário.
Mas além de útil essa reconcentração vai sendo agradável para sua excelência. Mandar mais sempre é bom e prazeroso.
A regra número zero do poder é conseguir defender-se. Para isso, força é essencial.
E Dilma está reunindo nesta decolagem força própria, gasolina para a travessia. Quem deu sopa para o azar fica com o papel de pagar a fatura do tanque cheio.
Parece estar tudo bem, inclusive porque a oposição aplaude. Ainda que a mesma oposição certamente vá tentar no futuro aproximar-se dos caídos em degraça no governismo, da turma com cadeira cativa na fila para a guilhotina presidencial.
Essa é a equação que desafia a presidente. Como chutar a canela de todo mundo, como conduzir a implantação do estilo imperial sem organizar contra ela uma ampla frente de excluídos.
Ainda que num primeiro momento, e em começo de governo, esse agrupamento vá preferir a clandestinidade. E a guerra de guerrilhas, dada a enorme vantagem do governismo.
Uma especulação diuturna em Brasília aposta que Dilma não deseja um segundo mandato. Mesmo que deseje, não teria condições de enfrentar o antecessor numa disputa interna no PT.
A valentia, portanto, seria decorrente do limite temporal já fixado.
É uma tese duvidosa, acho, mas não custa registrar.
Em qualquer circunstância, Dilma está a criar um cenário desafiador para ela própria.
E também para a eventual volta do padrinho. Pois as crises, ou a condução que o Planalto dá a elas, vai produzindo a impressão de o ex-chefe ter legado uma situação de graves desarranjos.
Fica complicado o sujeito reaparecer em 2014 para dizer que vai recompor o status quo desmontado nos quatro anos anteriores.
Para a troca, vai ser preciso verificar se o ganho eleitoral nos grupos sociais eventualmente enlevados pela melodia da suposta "faxina" compensará as possíveis perdas de substância política.
Se os elogios de hoje serão os votos de amanhã.
Outra variável é notar que sua excelência terá dificuldade para interromper abruptamente o processo de autodigestão, quando isso eventualmente interessar.
A regra do jogo parece estabelecida, com a liberação das guerras internas travadas abertamente, com todo mundo guerreando sem medo de ser feliz.
Ainda que de vez em quando o criador reapareça para reclamar da imprensa, Enquanto a criatura faz questão de explicitar em silêncio que as revelações produzidas pelo trabalho jornalístico são utilíssimas na tal "faxina".
É um processo sistólico de reconcentração de poder. Talvez necessário após a longa diástole do antecessor, premido a redistribuir quando o governo dele viu o branco do olho do adversário.
Mas além de útil essa reconcentração vai sendo agradável para sua excelência. Mandar mais sempre é bom e prazeroso.
A regra número zero do poder é conseguir defender-se. Para isso, força é essencial.
E Dilma está reunindo nesta decolagem força própria, gasolina para a travessia. Quem deu sopa para o azar fica com o papel de pagar a fatura do tanque cheio.
Parece estar tudo bem, inclusive porque a oposição aplaude. Ainda que a mesma oposição certamente vá tentar no futuro aproximar-se dos caídos em degraça no governismo, da turma com cadeira cativa na fila para a guilhotina presidencial.
Essa é a equação que desafia a presidente. Como chutar a canela de todo mundo, como conduzir a implantação do estilo imperial sem organizar contra ela uma ampla frente de excluídos.
Ainda que num primeiro momento, e em começo de governo, esse agrupamento vá preferir a clandestinidade. E a guerra de guerrilhas, dada a enorme vantagem do governismo.
Uma especulação diuturna em Brasília aposta que Dilma não deseja um segundo mandato. Mesmo que deseje, não teria condições de enfrentar o antecessor numa disputa interna no PT.
A valentia, portanto, seria decorrente do limite temporal já fixado.
É uma tese duvidosa, acho, mas não custa registrar.
Em qualquer circunstância, Dilma está a criar um cenário desafiador para ela própria.
E também para a eventual volta do padrinho. Pois as crises, ou a condução que o Planalto dá a elas, vai produzindo a impressão de o ex-chefe ter legado uma situação de graves desarranjos.
Fica complicado o sujeito reaparecer em 2014 para dizer que vai recompor o status quo desmontado nos quatro anos anteriores.
Para a troca, vai ser preciso verificar se o ganho eleitoral nos grupos sociais eventualmente enlevados pela melodia da suposta "faxina" compensará as possíveis perdas de substância política.
Se os elogios de hoje serão os votos de amanhã.
Outra variável é notar que sua excelência terá dificuldade para interromper abruptamente o processo de autodigestão, quando isso eventualmente interessar.
A regra do jogo parece estabelecida, com a liberação das guerras internas travadas abertamente, com todo mundo guerreando sem medo de ser feliz.
Ainda que de vez em quando o criador reapareça para reclamar da imprensa, Enquanto a criatura faz questão de explicitar em silêncio que as revelações produzidas pelo trabalho jornalístico são utilíssimas na tal "faxina".
por Alon Feurwerker
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