Coluna econômica



Olimpíadas e intervenções urbanas

Coluna Econômica - 07/09/2011

Uma das maiores imprudências urbanísticas que poderia acontecer seria a das metrópoles brasileiras aproveitarem o Mundial e as Olímpiadas para grandes intervenções urbanas.

Ontem ouvia o comentário de um colunista de rádio mostrando as oportunidades abertas para revitalizar as cidades, criar novas atrações, reativar o turismo.

Não façam isso.

Há algumas décadas, esse modelo de planejamento urbano – das grandes intervenções, desapropriações – foi questionado de maneira fulminante pela jornalista norte-americana Jace Jacobs, em um livro clássico: "Morte e Vida de Grandes Cidades", que colocou em xeque mortal essa tendência dos urbanistas e arquitetos de reformarem cidades.

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No fim dos anos 40, criou-se a convicção de que a decadência das regiões urbanas decorria da falta de oportunidades de planejamento. Jace demonstrou que não era isso.

Mostrou  o exemplo da área de Morningside Heights em Nova York. Alvo de uma grande intervenção urbana: gramados, vista para o rio, núcleo educacional com Columbia, Juilliard School of Music e outras, bons hospitais e igrejas, sem indústrias, ruas zoneadas para impedir a invasão das zonas residenciais.

Mesmo assim, no início dos anos 50 transformou-se em zona de cortiços.

Para tentar salvar a área, a prefeitura aplicou mais receita urbanística. Demoliu a maior parte da área degradada, construiu um condomínio de renda média com shopping center, cercados de áreas livres, luz, sol e paisagismo, aclamado como uma demonstração inequívoca de recuperação urbana. "Depois disso", diz a autora, "o Morningside Heights decaiu mais depressa".

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Na outra ponta, narra a história de um distrito de Boston de nome North End, área de baixa renda, na época a pior área de cortiço da cidade. Tinha todos os ingredientes para ser considerado um caso perdido: uma das mais altas concentrações urbanas dos EUA, indústria misturada com residência, todos tipos de trabalho e comércio, pouquíssimas áreas verdes, quadras curtas. "Tudo o que se possa imaginar está presumivelmente errado em North End", escreveu Jace

A autora conheceu a região em 1940. Voltou em 1959. Reparou em dezenas de prédios reformados, venezianas nas janelas, aparência de tinta fresca. As casinhas, reformadas, abrigavam uma ou duas famílias, em vez da superlotação de antes. As laterais de prédios estavam com reboque novo, o comércio com mercearias de primeira. As ruas tinham vida, com crianças brincando, gente fazendo compras.

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Nenhum banco se arriscou a emprestar para financiamento hipotecário, porque a área não obedecia aos preceitos sagrados do urbanismo. Tudo foi feito com recursos dos próprios moradores. No entanto a taxa de mortalidade infantil era de 8,8 por mil, contra 11,2 da média de Boston; o índice de mortalidade por tuberculose era de menos de uma por 10 mill, mais baixa ainda que a de Brookline.

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A diferença é que no bairro criou-se vida, relações sociais, solidariedade entre os vizinhos, vida comunitária.

De lá para cá o urbanismo nunca mais foi o mesmo. O fracasso do ex-prefeito José Serra em implantar o projeto Nova Luz talvez tenha sido um ganho imensurável para São Paulo.

IPCA de agosto fica em 0,37%

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) encerrou o mês de agosto em alta de 0,37%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O total em 12 meses ficou em 7,23%, o maior desde junho de 2005. Os alimentos passaram de 0,34% em julho para 0,72% em agosto, causando um impacto de 0,17 ponto percentual no resultado geral - o que representa 45% do índice do mês. Quanto aos não alimentícios, a variação foi de 0,26%, abaixo dos 0,31% de julho.

INPC avança 0,42% em agosto

O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) chegou a 0,42% em agosto, segundo o IBGE. O indicador ficou acima do resultado de julho (0,00%). Com isto, o acumulado do ano fechou em 4,14%, acima da taxa de 3,24% relativa a igual período de 2010. Considerando os últimos 12 meses, o índice situou-se em 7,40%. Os produtos alimentícios avançaram 0,70% em agosto, enquanto os não alimentícios aumentaram 0,30%. Em julho, os resultados ficaram em -0,54% e 0,24%, respectivamente.

UE confirma queda da economia no segundo trimestre

A economia da União Europeia e da zona do euro avançou 0,2% no segundo trimestre ante os primeiros três meses deste ano, segundo a agência de estatística Eurostat, confirmando os prognósticos inicialmente divulgados. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) da UE aumentou 0,8% nos primeiros três meses deste ano, o avanço do segundo trimestre foi reduzido a 0,2%, devido ao menor consumo das famílias e à freada no avanço dos maiores países da região, principalmente Alemanha (0,1%) e França (0,00%).

Poupança tem captação positiva de R$ 2,2 bi

Os depósitos em caderneta de poupança superaram os saques em R$ 2,222 bilhões durante o mês de agosto, segundo o Banco Central. Essa foi a segunda maior captação líquida positiva do ano, perdendo para o resultado apresentado em julho, quando foram registrados R$ 6,097 bilhões. No mesmo mês de 2010, os depósitos foram maiores do que os saques em R$ 1,819 bilhão. No mês passado, os depósitos chegaram a R$ 116,498 bilhões e os saques ficaram em R$ 114,276 bilhões.

IGP-DI sobe 0,61% em agosto

O IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) chegou a 0,61% em agosto, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), revertendo a  deflação de -0,05% do mês anterior. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) atingiu 0,77%, ante -0,13% em julho. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,40%, acima da deflação de -0,04% apurada no mês anterior. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,13% em agosto, abaixo dos 0,45% apresentados no mês anterior.

Preços da construção civil sobem 0,14% em agosto

O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) subiu 0,14% em agosto, recuando 0,41 ponto percentual em relação ao visto no mês anterior (0,55%), segundo dados do IBGE calculados em convênio com a Caixa Econômica Federal. O custo da construção por metro quadrado, que chegou a R$ 800,02 em julho, passou para R$ 801,11 em agosto, sendo R$ 443,06 relativos aos materiais e R$ 358,05 à mão-de-obra. A parcela da mão-de-obra apresentou variação de -0,04%, e os materiais subiram de 0,23% para 0,28%.


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