Coluna econômica

EUA: Descompassos entre política e economia

 

No final da semana passada, republicanos iniciaram sua ofensiva contra o presidente Brack Obama. Mote principal: ele teria destruído a economia norte-americana.

Obama, de fato, errou no enfrentamento da crise. Só que a crise foi moldada nos governos Clinton e, principalmente, Bush Jr. e seu mal maior foi não ter enfrentado a hegemonia financeira que comandou ambos os governos.

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Esse o problema maior da sincronização entre política e economia. Na economia, os efeitos de maus (e bons) passos não ocorrem imediatamente. O caso norte-americano é exemplar.

Durante anos e anos, governantes surfaram nas ondas de um cenário econômico favorável, sem grandeza para enfrentar os problemas que surgiam na economia.

Saem populares e a bomba sempre acaba explodindo em governos seguintes - que pagam o preço de medidas impopulares e de um cenário econômico desfavorável. Mesmo que tomem medidas eficientes para conter a crise, os resultados só aparecerão anos depois, com os frutos provavelmente sendo colhidos por seu sucessor.

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É esta lógica implacável que está por trás dos impasses para enfrentar a crise atual.

Durante décadas, EUA e países europeus implantaram políticas públicas visando a redução do estado de bem estar social. Atingiram a Previdência, sistemas de educação e saúde e permitiram a especulação mais desbragada do sistema financeiro.

Quando a crise explodiu, o receio de uma crise financeira sistêmica levou-os a exaurirem os recursos fiscais para impedir a implosão do sistema financeiro internacional. Reagiram à ameaça imediata e deixaram de lado a raiz da crise: o endividamento de famílias encolhendo substancialmente o potencial de crescimento das economias nacionais.

Um dos principais atos de Franklin Delano Roosevelt para combater a crise de 1929 foi renegociar os contratos hipotecários de todos os inadimplentes. Com isso, devolveu-lhes o poder de consumo. Obama limitou-se a injetar recursos em bancos quebrados. Sem mercado não houve demanda por financiamentos. A dinheirama acabou se espalhando por mercados especulativos.

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Agora, chega-se ao impasse.

A crise gera intolerância interna, fruto do desemprego, da falta de expectativas, da sensação do eleitor de ter sido enganado pelas falsas promessas de abundância.

Cria-se a guerra política interna, com a oposição exacerbando o clima de intolerância e imputando ao governo muitos erros herdados justamente pela dificuldade em definir  claramente relações de causa e efeito.

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Quando a presidente Dilma Rousseff, na ONU, declarou que a crise era muito mais por falta de recursos políticos, referia-se a esses impasses políticos prorrogados pela falta de estadistas.

Não bastassem as restrições internas de cada país, no plano internacional, tanto o Banco Central Europeu, através do seu presidente Jean-Claude Trichet, quanto o Banco Mundial, através de Robert Zoellick, têm praticado um lobby escandaloso em favor das instituições  financeiras. Sua finalidade é espalhar o terrorismo para criar um sentido de urgência que impeça os governos da Alemanha e da França exigirem a contrapartida das instituições no salvamento dos países endividados – na forma de descontos nas dívidas.

IPC-S perde força na terceira semana do mês

O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) subiu 0,58% na terceira semana de setembro, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O resultado ficou 0,11 ponto percentual abaixo do apresentado na última divulgação. Ao longo do período, duas das sete classes de despesa que formam o índice reduziram suas taxas de variação ao longo do período: Alimentação (de 1,39% para 0,90%) e Educação, Leitura e Recreação (de 0,23% para 0,15%).

Brasil só vai participar de socorro após debate, diz Dilma

O Brasil só vai participar de um eventual socorro à Grécia depois que os países emergentes e as nações desenvolvidas conseguirem chegar a um consenso sobre que medidas serão adotadas para a resolução da crise econômica na Europa, segundo a presidenta Dilma Rousseff. Durante entrevista coletiva, a presidenta também defendeu uma saída política para a questão antes da injeção direta de recursos financeiros no fundo de estabilização da zona do euro.

Alta do dólar e emissão de títulos afeta dívida pública

A emissão de títulos e o avanço do dólar ampliaram a dívida pública federal (DPF) em 1,96% durante o mês de agosto, segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional. O estoque da DPF avançou de R$ 1,734 trilhão em julho para R$ 1,768 trilhão no mês passado. Ao longo do período, a dívida pública mobiliária interna (DPMi) subiu 2%, para R$ 1,692 trilhão, e a valorização de 1,98% da moeda norte-americana fez a dívida pública externa subir 1,07%, encerrando agosto em R$ 75,43 bilhões.

BC deve revisar para baixo o crescimento do PIB

A projeção do Banco Central de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4% para 2011 deve ser revisada para baixo e apresentada no Relatório de Inflação ao fim deste mês, caso a turbulência global ainda persista, segundo o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Na visão do representante do BC, existe um risco maior de agravamento da crise, mas que o país está preparado para enfrentar eventuais problemas.

Carga tributária chega a 33,5% do PIB em 2010

De acordo com dados da Receita Federal, a carga tributária ao longo do ano passado foi equivalente a 33,56% do Produto Interno Bruto (PIB), um crescimento de 0,42 ponto percentual em relação a 2009, quando a carga havia atingido 33,14%. O aumento foi decorrente da combinação do crescimento de 7,5% do PIB no ano passado e da expansão real (descontada a inflação) de 8,9% da arrecadação tributária nos três níveis de governo.

Déficit das contas externas em agosto é o maior para o período

O saldo negativo das transações do Brasil com o exterior chegou a US$ 4,862 bilhões, em agosto, o maior resultado para o período da série histórica do Banco Central, iniciada em 1947. No mesmo mês de 2010, o déficit em transações correntes foi US$ 2,975 bilhões. O resultado do mês passado veio acima do previsto pelo BC – US$ 3,2 bilhões, devido ao aumento das remessas de lucros e dividendos para o exterior, que chegou a US$ 5,109 bilhões.


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