Violência

São preocupantes os níveis de atos violentos e da própria violência que assola o Brasil de norte a sul. Recentemente, em São Paulo, um garoto de dez anos, com um histórico escolar de aproveitamento e assiduidade acima da média, levou para a escola o revólver do pai e, sem nenhuma explicação plausível, atirou na professora pela costas, saiu da sala, deixando em estado de choque seus colegas de classe e, ato contínuo, disparou contra a própria cabeça. Como o autor da tentativa de homicídio contra a professora, além de menor, deu cabo à própria vida, extinguiu-se a razão de penalizar o culpado, mas assestou-se contra o pai, conforme as leis vigentes, a culpa pela negligência que possibilitou o acesso à arma. Além do abalo pela tragédia que se abateu sobre a família, com a perda do filho, sobrevem a dor continuada de sua defesa por conta da necessidade de confessar que seu filho menor mentiu para ele quando questionado, antes da tragédia, se havia pegado o revólver e ele disse que não. 

As notícias que abordam suicídios comuns são evitadas pela mídia para amenizar a dor dos parentes, mas coincidentemente, após essas tragédias não é raro se ter conhecimento, logo adiante, de que houve uma repetição desse triste gesto. 

Ainda no calor das consequências que envolveram o menino, seus colegas de classe, a professora, no dia 27 último, em Juazeiro do Norte, um jovem de 16 anos levou para a escola, também escondido na mochila, uma pistola calibre 7.65 com o objetivo de matar dois colegas de turma, um de 13 e outro de 14 anos. 

Essas notícias, que em outras épocas causaria uma comoção geral, começam a parecer comuns por conta da atual banalização da violência que toma conta das maiores capitais brasileiras e com tendência a se manifestar pelo interior. 

A falta de diálogo entre pais e filhos, o perigo contagiante do mundo das drogas, a própria educação familiar proporcionam e facilitam comportamentos como esses dois exemplos, embora no primeiro caso os pais do menor de dez anos, tenham afirmado que o filho tinha comportamento tranquilo, fato ratificado pelos colegas de classe e a própria professora. 

Já o pai do adolescente, de 16 anos que tinha planejado matar os dois colegas em Juazeiro, o encontrou, dias antes, treinando tiros no quintal de casa. Sua reação foi pegar a arma e esconder, quando no mínimo deveria tê-la entregue à polícia, como facilita a campanha pelo desarmamento, principalmente porque o adolescente confessou que a arma lhe teria sido emprestada por um amigo. Por muito pouco uma tragédia maior ainda não aconteceu no Cariri. 

Não se pode alegar que tudo faz parte de um contexto simples e procurar respostas ou soluções com medidas ingênuas ou profilaxias arcanas.

Urge maior cobrança das autoridades para as necessidades inadiáveis de providências que orientem os pais modernos de filhos idem. Evidencia-se a preocupação com a repetição desses fatos que permanecem na mídia ligeira alarmista sem que se invista, com igual insistência com que se alardeiam esse tipo de tragédia, em campanhas sérias e contínuas para diminuir tanta violência e não tirar o sono de pais que vez por outra são pegos pelas trágicas surpresas envolvendo um filho. 

O tempo e as marés não esperam por ninguém e o futuro dessa juventude que se tem mostrado confusa, mal direcionada e sem perspectivas e, o que é bem pior, sem noção de limites e responsabilidades não se apresenta nada promissor em decorrência desses altos níveis de saturação que ganham espaços cada vez maiores na mídia.

A. Capibaribe Neto 


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