Apesar do recuo nos últimos meses, a economia brasileira encerra o ano bem, muito bem mesmo. Cresceu menos, vai ficar só em torno de 3%, porque tinha crescido muito em 2010, mas termina o ano inteira, como registram os indicadores econômicos divulgados ontem pelo Banco Central. São todos positivos, mesmo com a inflação batendo no teto da meta, mas sob controle. É a sexta no mundo.
O PIB brasileiro passou o do Reino Unido e pode alcançar a França, não porque cresceu muito, mas porque eles estagnaram a caminho de uma recessão que todos os institutos de pesquisa e até o Fundo Monetário Internacional (FMI) admitem como inevitável. O Brasil avança 3%, eles recuam 0,6%. Deve passar a França em 2012, deixando para trás os dois países mais desenvolvidos da Europa, depois da Alemanha. Esse fato é importante e não pode ser subestimado. Não é apenas simbólico. É a constatação de uma nova realidade, reconhecida pelo FMI, que deve se confirmar em 2012 porque as medidas de incentivo à demanda já estão sendo aplicadas há mais de um ano no Brasil – que decidiu crescer por dentro. Está explorando e fortalecendo o próprio mercado. As medidas deram certo – em 2008, o consumidor reagiu rapidamente, e não há razão para não acreditar que não darão certo agora.
A verdade é que nós acertamos, e eles erraram. Não só isso, continuam errando. Isso já havia ocorrido em 2008 e repete-se agora, agravado pelo peso de uma dívida soberana média na Europa de 100% em contraste com a nossa de 36,6%. A deles, incluindo a dos Estados Unidos, aumenta e a nossa recua. Era de 42% em 2009. Ajuda e muito. Não é um resultado apenas simbólico. Isso melhora ainda mais a imagem do Brasil, no cenário internacional, facilita a atração de capital externo, que foge dos países em crise e estão vindo para o Brasil.
No ano que termina foram US$ 62 bilhões só de investimentos diretos. Mais significativo ainda é que a tendência na Europa, no Japão, nas chamadas economias centrais, é de que a economia continue desacelerando em 2012, enquanto no Brasil, na pior das hipóteses, voltará a crescer 3%. Se as medidas de incentivos forem ampliadas e intensificadas, como o governo anuncia agora, pode chegar a 4%.
O próprio FMI admite que a União Europeia não terá um ano, mais uma década perdida. Vamos subir mais algumas escalas na lista das maiores economias mundiais, atrás dos Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e França, que gatinha. É isso. É um fato.Sem festa.
O governo e os economistas brasileiros receberam o resultado com realismo, sem festa nem oba-oba. Ninguém saiu em Brasília dizendo “Isto sim é que é país”. Ou dizendo que o Brasil não é mais o país do carnaval. E ao que se saiba, não há ainda em formação, no Rio, nenhum bloco do “Somos o Sexto”a desfilar ao lado do bloco do Lula.
O ministro Guido Mantega foi sóbrio. Louvou o avanço, disse que subimos também porque eles desceram, é inevitável que passemos a França – a diferença agora é de US$ 300 milhões – porque o país está se retraindo e caminhando para a recessão. Mas, com extremo realismo, Mantega afirmou que as diferenças econômicas e sociais entre eles e o Brasil são enormes.
O Reino Unido tem um PIB per capita de US$ 39,6 mil e o Brasil apenas US$ 13 mil; o nosso cresceu mais, 3,8%, o deles apenas 1,1%. Mas “necessitamos ainda de fortes investimentos sociais e econômicos para consolidar um padrão de vida próximo dos europeus”. E com ainda mais realismo:
“Isso deve acontecer em 10 ou 20 anos”.
Temos a obrigação de continuar crescendo mais do que os outros para criar emprego e aumentar a renda da população.
A boa notícia é que o governo admite que há sérios desafios. Vai subir na escala da economia mundial, mas é preciso mais. Não é porque eles estão mal que sozinhos estaremos melhor.
Feliz 2012! Aos leitores que me acompanharam neste ano e aos que acompanham a coluna nos 18 anos de existência que completará em 2012, um ano-novo em que os sonhos e as esperanças se realizem. Temos de confiar.
por Alberto Tamer
A economia brasileira vai bem. O povo vai mal.
ResponderExcluir1. Não tem sistema público de saúde
2. Não tem qualidade de educação
3. A maioria dos domicílios não tem rede de esgoto
4. O sistema público de transporte é uma vergonha nacional
5. Os juros são os mais altos do mundo
6. Inflação em alta
7. Sistema perverso de impostos onde os mais pobres são mais onerados
8. O aposentado é tratado de forma indigna
9. Os cidadãos atingidos por desastres naturais, como os do Morro do Bumba em Niterói e os de Teresópolis continuam sem receber assistência do governo após dois anos
10. Nunca houve tanta corrupção como agora.
O que adianta ser a 6a. economia do mundo se o povo continua recebendo benefícios de 30a. economia do mundo?