Perderemos a vista do mar

Quem do "feio" se serve bonito lhe parece


Sem o elevado, perderemos a vista do mar, vedada pelos armazéns do cais, e de prédios históricos
  "As construtoras precisam trabalhar e faturar, bem como as fornecedoras, um mundão de interesses corporativos... e o prefeito precisa seguir sua carreira política".
Professor Jesus Araújo
 

Pois eu acho que é o elevado que permite desfrutar de uma vista tão bela do mar e de parte de nossa história

 
  • Alguém aí deve estar me achando um "maníaco obsessivo sob quixotescos impulsos de tendências febris e atrações doentias por causas perdidas  e/ou de ínfimo apelo motivacional".
    Não é para menos:
    1.A Europa Ocidental e capitalista se decompõe perigosamente no rotundo fracasso do seu projetão "unificador" e eu não arrisco um pala sobre o desdobramento dessa abismática derrapagem;
    2.
    A Europa Oriental vê começar a ruir seu bem urdido projetão conservador, com a explícita demonstração de "arrependimento" do povo russo, expresso nas urnas que uma fraude grotesca tenta abafar, e eu não me manifesto com a análise devida ante esse novo e inesperado imbróglio de desdobramentos imprevisíveis, mas excitantes e de repercussão  abrangente;
    3. Os Estados Unidos revelam a perda de sua identidade e de seus valores tidos e havidos como luminares, em meio a manifestações de rua de conteúdo insólito e desmistificador, numa débâcle que frustrou o mundo inteiro ante o estelionato de um simbolismo enfeitado de esperanças na pessoa de um "pobre coitado" sem estatura para encarar o sistema tirano,
    e eu deixo passar a oportunidade de dizer duas ou três palavras sobre essa decadência irreversível;
    4.
    O Brasil inteiro repudia a insídia de uma meia dúzia de entreguistas, mercenários, golpistas, numa ardilosa conspiração para imobilizar um governo que tenta segurar o prumo, acuando-o com os surrados expedientes das mal elaboradas fábricas de escândalos, numa sórdida tentativa de levá-lo para o mau caminho do solerte neoliberalismo, e eu suspendo minhas catilinárias, deixando que empanturrem de mentiradas muitas pessoas bem intencionadas, numa venenosa cortina de fumaça.
  •  
  • No entanto, estou convencido pela modesta sabedoria dos quase setenta anos que reprisar essa indignação é um sagrado dever de ofício, ainda que poucos se motivem para a discussão de uma precipitação sem volta, que deixa de considerar a estratégica importância de uma via, arbitrariamente condenada de supetão à demolição insana, como se um projeto pontual mirabolante, de possibilidades controversas, fosse mais importante do que a mais útil das veias do trânsito urbano.
     Poucas pessoas, talvez. Ou talvez muitas no cárcere de um silêncio contorcido na desilusão atroz.
  • Porque, pelos comentários recebidos, pelo calor de quem energiza nosso clamor, não estou sendo tão utópico em aspirar adesões dos que ainda colocam os interesses da cidade acima dos seus próprios e conseguem ver o que  influentes próceres temporais insistem em ignorar.
 

No lugar do elevado um monumento à burrice
 

Tantas coisas parecem ainda mais prioritárias e eu insisto, quase solitariamente, em chamar o que resta de vida inteligente neste país – principalmente neste Estado do Rio de Janeiro – para juntar-se a uma causa sobre a qual quase não se fala, porque a sobreposição da mistificação, dos artifícios e das ilusões esconde a verdadeira motivação e a inevitável catástrofe que o arbítrio manhoso engendra, tendo como argumento tão somente a torpe alegação do "desmonte ao feio" numa cidade em que o indecoroso mesmo é escondido a sete chaves pelos alcoviteiros de interesses espúrios revestidos de falsos brilhantes.
Pincei, a propósito, algumas opiniões, tanto no âmbito acadêmico da UERJ, onde a reflexão foi puxada pelo professor Weber Figueiredo, como em outras áreas, sem falar nas cartas de leitores escondidas nas páginas do que resta da nossa mídia.
 
Disse-o com a autoridade de sua respeitada biografia o professor Ítalo Moriconi, autor da antológica coletânea Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século:
"Acho a decisão de derrubar a Perimetral uma decisão burra.
O articulista tem razão: entre outras coisas, eliminará da visão do carioca e do turista visitante o monumental e belo Mosteiro, marco fundador e fundamental da nossa paisagem tanto física quanto sentimental.
O alcaide Paes está querendo macaquear no Cais do Rio o que se fez em Manhattan, ou, mais perto daqui, o que se fez com o belo projeto de Puerto Madero em Buenos Aires. Que já ganhou um replica tupiniquim bacana na cidade de Belém do Pará.
Mas não necessariamente as duas obras magníficas nas outras duas magníficas metrópoles do Atlântico norte e sul americano devem servir de modelo para o Rio.
Mantendo o viaduto da Perimetral, pode-se, ai nda assim, fazer uma renovation supimpa da área portuária do Rio, a qual, aliás, já está em curso e com apoio decidido e merecedor de aplauso desse mesmo alcaide Paes.
No urbanismo, não são apenas os elementos paisagísticos e humanos que devem dialogar entre si, mas também os diferentes tempos históricos, que são como camadas arqueológicas, vasos comunicantes entre vozes de agora e vozes de ontem".

O que fazer com todo aquele tráfego?

Igualmente brilhante, inteligente e definitivo foi o comentário de Sylvio Rezende, alguém que esbanja talento exatamente quando se fala de beleza:
"O Prefeito acha melhor derrubar a Perimetral, porque não depende de horário de tráfego, viajando sempre em carro oficial e prioridade no trânsito. Não deve saber o que é engarrafamento.
Vejamos:
1.       Derrubar a perimetral vai precisar de dinheiro para a demolição.
2.       Mais dinheiro para remover o entulho para outro local.
3.       Mais dinheiro para a construção dos túneis que de acordo com especialistas, poderiam ser construídos sem demolição nenhuma de uma via expressa que já ficou pela metade durante anos, porque NÃO PODIA PASSAR PELO ARSENAL DE MARINHA, jogando todos os carros na Presidente Vargas para desespero dos usuários.
4.       Será que o Sr. Prefeito que viaja tanto já deu uma olhada na visão dos infindáveis elevados existentes em outra s cidades? Mais notadamente New York? Lá eles se preocuparam com o escoamento do tráfego que deve ser o ponto mais crucial.
5.       Mais dinheiro para as indenizações das propriedades que terão que ser demolidas para o canteiro de obras e etc.
6.       Mais dinheiro para pagar a campanha publicitária, cargos de confiança que fatalmente serão criados, etc, etc.
7.       Etc.
Agora a pergunta:
Primeiro, vai demolir a Perimetral. O que fazer com todo aquele tráfego que já fica congestionado diariamente no elevado a partir das 16h?
Disse certa vez o Prefeito que irá desviar o tráfego pelas ruas internas das adjacências do Cais. Será que ele alguma vez já andou por elas em qualquer horário do dia? Como fazer para desviar todo aquele tráfego nos dois sentidos da Perimetral em ruas construídas séculos atrás?
CONCLUINDO:
Não faz mal! Depois vem outro Prefeito e decide que o melhor é construir de novo a Perimetral para desafogar o Túnel. Só espero que não seja depois de nova catástrofe com ônibus incendiado em Túnel a mais de 20m no subsolo.
Em todo o processo quem paga a conta é o povo! COMO SEMPRE!
E ninguém vai preso por gastos excessivos".

E, no entanto, a perimetral é um grande mirante

Antes de terminar, por hoje,  peço-lhe que inverta o olhar: pegue seu carro e dê uma passada pelo Elevado da Perimetral: nosso Rio de Janeiro não poderia ter um MIRANTE mais orgástico e abrangente, que nos brinda da baía da Guanabara aos prédios históricos, como o imponente mosteiro de São Bento,  conforme visão do imortal Lúcio Costa.
Essa extravagância anunciada não tem sustentação condizente com os prejuízos que causará não apenas aos moradores do Rio: o estrago será fatal principalmente para quem faz uso da Perimetral na direção das cidades próximas e da Ponte Rio-Niterói.
Que o jovem prefeito, os poderes públicos e a sociedade pensem nisso, antes de meterem a marreta nos seus pilares. Porque a demolição de uma via dessa expressão é uma espécie de amputação de uma veia de uma cidade "muito personalíssima", já estressada pelo trânsito caótico d e todo santo dia.
Que se tal não acontecer, retornarei aos gritos entre prantos, gemidos, palavrões e provas provadas de uma descuidada opção macabra: governar é construir e não demolir, ainda mais sem a menor JUSTA CAUSA.
 
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