Na entrega do Prêmio Jovem Cientista, a presidenta Dilma Rousseff fez um apelo para que a Conferência do Clima de Durban, na África do Sul, não termine sem acordo. No encontro, 190 países discutem a extensão do Protocolo de Quioto para além de 2012. No discurso, a presidenta Dilma reforçou a posição defendida pelo governo brasileiro em Durban e lembrou o compromisso assumido pelo país em Copenhague de reduzir suas emissões.
"Nós gostaríamos muito que essa 17a Conferência do Clima aprovasse a segunda rodada do Protocolo de Quioto. Nós considerávamos que isso seria essencial. Nós estamos vendo uma situação problemática, mas esperamos que isso não aconteça. Esperamos que, de fato, Durban tenha uma decisão mais adequada sobre a questão do clima", disse a presidenta, na cerimônia realizada no Palácio do Planalto.
Citando os desafios na área ambiental, como a redução do desmatamento da Amazônia, a preservação das nascentes e dos rios, e o uso da energia renovável, Dilma Rousseff afirmou que o tema Cidades Sustentáveis, escolhido para a 25a edição do Prêmio Jovem Cientista, é estratégico para um país comprometido com o meio ambiente, como o Brasil.
"Aqui, nós estamos saudando a criatividade, o esforço, a dedicação e o estudo que são essenciais para que os estudantes brasileiros possam valorizar algo importantíssimo para o desenvolvimento deles e do país, que é a pesquisa, a capacidade de inovar e o imenso respeito que devemos ter pela ciência. Aqui também estamos mostrando que, para nós, a questão da dedicação à ciência, da preparação para se tornar um cientista é algo que o Brasil deste século recompensará, porque precisa disso. Se não tivermos a produção científica em nosso solo, não realizaremos todo potencial desse país."
O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, ressaltou que 84% da população brasileira vivem nas cidades, que hoje enfrentam grandes desafios, como mobilidade, mudanças climáticas, água e moradia.
"É uma agenda de grande desafio. Fazer ciência precisa muita criatividade e imaginação. Eleger um tema, fazer pergunta inteligente e perseguir uma resposta exigem também determinação. A ciência se desenvolve através deste movimento permanente. Em terceiro, fazer ciência exige muita competência. Estudando, o Brasil vai encontrar melhores respostas para seus graves problemas."
Jovens cientistas -- Em sua 25a edição, o Prêmio Jovem Cientista elegeu o tema Cidades Sustentáveis para que estudantes e cientistas pudessem lançar mão de seu conhecimento científico e tecnológico para responder aos problemas sociais mais críticos e emergenciais do país. Mais de 2,3 mil trabalhos foram encaminhados para análise, um recorde de inscrições, segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). As pesquisas vencedoras abordaram o acesso ao saneamento básico, a integração entre geração de energias renováveis e mobilidade sustentável, e embalagens ecológicas para mudas de plantas.
Antes de concluir o curso técnico em meio ambiente, na Escola Técnica Conselheiro Antônio Prado, em Campinas (SP), Ana Gabriela Person, 19 anos, criou embalagens ecológicas para plantas com resíduos de biomassa. O projeto lhe rendeu o primeiro lugar na categoria Estudante do Ensino Médio do 25o Prêmio Jovem Cientista. As embalagens criadas por Ana Gabriela, feitas com as cascas da jaca ou da cana-de-açúcar decompõem mais rápido que o plástico que atualmente envolvem as mudas.
"Além de se decompor facilmente, a biomassa serve com meio nutritivo para a planta e evita que as raízes fiquem enoveladas, emaranhadas", disse Ana Gabriela.
Já o estudante Kaiodê Leonardo Biague, aluno de Arquitetura do Centro Metodista Izabela Hendrix, em Belo Horizonte (MG), procurou aproveitar a estrutura dos Bus Rapid Transit (BRT), que estão sendo implantados nas cidades-sede da Copa do Mundo 2014, para gerar energia limpa e renovável. Placas instaladas nas áreas de cobertura dos BRTs são capazes de gerar energia a partir da radiação solar. Com a ideia, Kaiodê ganhou o primeiro lugar na categoria Estudante do Ensino Superior.
"Praticamente dois terços da energia produzida se perde nos processos de transmissão e distribuição. Ao descentralizar a produção, podemos reduzir o desperdício", explicou o futuro arquiteto.
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