Coisinhas banais

TT Catalão

O natural e o estranho

O cartunista Plantu na capa do Le Monde nos lembra do quanto é "natural" aceitar nossa cultura e o quanto a cultura dos outros é "estranha". Atletas muçulmanos queriam entrar na arena de véu. Foram acusados como "fanáticos religiosos" pela mídia. O atleta da Jamaica fez o sinal da cruz. Ninguém fez nenhum comentário pelo natural (a nós ocidentais) gesto por pedido de graças do cristão.

Tudo isso em plena Olimpíada consagrada aos valores da tolerância e a paz entre os povos que, acertadamente, permitiram o uso do acessório no equipamento esportivo.

Passou batida a relação de polêmica se é véu e óbvio se for cruz. Plantu acentuou. Coisa desses "chatos" críticos da passividade média especialmente na França que debate o uso de véus nas escolas com o argumento do Estado laico sem crucifixos em prédios públicos. Importa é que realmente perdemos a distinção entre um ato cultural de identidade e um ato extremista provocador.

Uma expressão religiosa ofender outra de prática diferente é uma raiz escandalosa do grau de fascismo. Começa em "coisinhas" aparentemente banais e potencializam insanidades maiores.

A mesma contaminação das cabecinhas (por desinformação programada, lavagem cerebral patriótica ou pura narcose midiática) levou mais um maluco atirador, nos EUA, a fuzilar membros sikh (monoteistas do Punjab região entre India e Paquistão) como se fossem muçulmanos. E o noticiário ressaltou mais o engano de etnia que o ato em si. Como se intuíssem "nem muçulmanos eram"!

Parecem os famigerados playboys brasilienses que incendiaram um índio e argumentaram "mas pensávamos que era um mendigo"!

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