Insatisfação: teu nome é Mulher

As mulheres são basicamente insatisfeitas, o que equivale a dizer que são basicamente desejantes. Pessoas satisfeitas não desejam, por que o fariam?

Fundamentalmente insatisfeitas, elas apontam uma satisfação possível no que ainda virá, no amanhã. Dizê-las sonhadoras vem daí, desse olhar esperançado para um mais além.

Mulheres se satisfazem na diferença, no detalhe. Homens, ao contrário, gostam da ordem unida, do grupo, da massa. Mulheres não querem encontrar um vestido igual ao seu, em uma reunião. Homens, por sua vez, adoram o uniforme. No trabalho: terno e gravata ou o macacão. E nas festas, uniforme de festa: o smoking preto e branco que, se for alugado, será melhor ainda.

Mulheres têm vários gozos na cama, homens tendem a um só, que esmaece em seguida. Pobre!

Mulheres gostam de elogios e homens também. Agora, se você ao elogiar uma mulher compará-la com uma outra, por mais fantástica que essa outra lhe pareça, o elogio vira insulto. Homens não, a comparação os enaltece. Homens gostam de ser Churchills, Pelés, Einsteins.

Mulheres, por não aderirem a padrões, têm sempre muito a escolher e, em decorrência, sofrem pela falta da garantia da escolha. Surge o desarvoramento, sentimento feminino por excelência.

A insatisfação feminina pode ser doença ou provocação. Doença, na histérica imobilizada em sua eterna e repetitiva queixa ao outro, para que lhe restitua aquilo que lhe faltou. Provocação, na sua exigência de uma satisfação além do limite comum, que não se contenta com os troféus que os homens lhe exibem para acalmá-la, pedindo ainda mais, mais além das evidências. Se não fossem essas mulheres, atenção, disse mulheres, não histéricas – não são sinônimos - ainda estaríamos na idade da pedra, com os homens sentados em roda ao redor da fogueira, como hoje fazem ao redor de uma mesa de chope, elogiando mutuamente seus belos tacapes.

Mulheres insatisfeitas, de desejos insatisfeitos, querem novidade, mudança; homens satisfeitos, de desejos possíveis, querem o mesmo, a segurança da repetição. E assim ficam juntos até o dia em que finalmente se entenderem... 
por Jorge Forbes


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